Os trabalhadores continuam a ocupação da fábrica Waterford Crystal, em Kilbarry, que entra em seu sexto dia.
A ocupação começou na sexta-feira, 30 de Janeiro, quando os trabalhadores foram informados que a companhia suspenderia a produção imediatamente e que 480 dos 700 trabalhadores da fábrica seriam demitidos.
A empresa esteve submetida à análise financeira por um mês até que o administrador da massa falida indicado pelo banco, David Carson de Deloitte, fez o surpreendente anúncio. Previamente, ele havia prometido aos trabalhadores que nenhuma decisão seria tomada enquanto houvesse investidores interessados na empresa, e até que o sindicato fosse consultado sobre a situação.
A raiva dos trabalhadores ante a ambigüidade fez com que eles se recusassem a deixar o local e desde sexta-feira permanecem na fábrica. Estão determinados a não deixar a fábrica até que a decisão do seu fechamento seja revertida e que Carson esteja disposto a falar com eles.
Cerca de 200 trabalhadores neste momento estão envolvidos na ocupação; estão sendo alimentados pela população local, assim como estão recebendo sacos de dormir e cobertores. Milhares de pessoas participaram das manifestações em Waterford em apoio aos trabalhadores.
Quatorze trabalhadores viajaram à Dublin ontem e montaram acampamento na sede de Deloitte em Dublin, protestando contra a manipulação da análise financeira. Apesar de a polícia ter sido chamada contra os trabalhadores, eles apenas deixaram a sede depois de terem falado com representantes de Deloitte.
Daithí Mac, porta-voz do éirígí, disse: “Os trabalhadores de Waterford Crystal devem ser parabenizados pela atitude que tiveram para assegurar seu sustento, especialmente na situação econômica atual.
“Com a revelação de que um dos potenciais compradores queria apenas adquirir a marca registrada e não a força de trabalho, ficou ainda mais claro que os trabalhadores da fábrica tinham que tomar o controle em suas próprias mãos.
Os sindicatos tiveram reuniões com David Carson, com pouco progresso, e com Martin Cullen do governo do vigésimo sexto condado, que veio a público dizer que gostaria que a marca registrada permanecesse na Irlanda.
O mesmo governo que não demonstrou hesitação em despender bilhões de Euros para salvar os bancos não demonstrou nenhuma pressa para ajudar os trabalhadores de Waterford”.
Para concluir, Daithí disse: “Os trabalhadores em Kilbarry merecem o apoio de todos os socialistas, republicanos e progressistas, e esperamos que a situação seja resolvida de maneira satisfatória. Este ano comemoramos o 100º aniversário da fundação do Sindicato Irlandês de Transporte de Jim Larkin. Estes trabalhadores mostraram tudo o que é necessário para um sindicalismo militante nestes tempos em que os direitos e condições de trabalho estarão na linha de tiro”.
IRSP exige a nacionalização da Waterford Cristal
Em meio à recessão, férias coletivas e cortes salariais os trabalhadores da Waterford Cristal (fábrica de vidros) deram o exemplo ao restante do movimento da classe trabalhadora. Eles ocuparam sua fábrica. Com justa indignação, tomaram esta decisão depois do anúncio do administrador da massa falida, David Carson, de que a fábrica seria fechada. Isto significaria a perda de 480 postos de trabalho.
Antes de anunciar o fechamento David Carson trouxe consigo seguranças particulares para impedir qualquer tipo de protesto por parte dos trabalhadores. Falharam miseravelmente em deter a onda de fúria dos trabalhadores. No Domingo, por unanimidade, os trabalhadores votaram pela manutenção da ocupação de parte da fábrica. O sindicato, Unite, está procurando o apoio do Governo para garantir todos os direitos salariais e previdenciários dos trabalhadores, que estariam protegidos se um comprador interviesse. O sindicato acredita que € 30 milhões são necessários, o que não é nada comparado com os € 180 milhões dados aos agricultores e os bilhões de Euros injetados nos bancos.
A ocupação tem total apoio da população da cidade de Waterford. A população cedeu roupa de cama, alimentos, água e tudo o mais para garantir a ocupação dos trabalhadores.
O IRSP exige a completa nacionalização da fábrica com o papel protagonista dos trabalhadores na administração da fábrica.
[Originalmente publicado em The Plough, 2/02/2009]
05 de Fevereiro de 2009
Source: Esquerda Marxista