Documento dos camaradas da CMI venezuelana, divulgado no jornal Lucha de Clases, defende a intervenção dentro do Pólo Patriótico com um programa de combate à burocracia e aos patrões, pelo socialismo
Durante todo o mês de outubro pudemos observar como milhares de coletivos, organização e movimentos populares de operários, camponeses, mulheres, estudantes, trabalhadores da cultura e população em geral, se mobilizaram de forma massiva e entusiasta para se inscreverem no Grande Pólo Patriótico (GPP) atendendo o chamado do Presidente Chávez para se conformar como uma grande ferramenta para levar adiante as lutas de nosso povo. Consideramos de suma importância que ante o processo de conformação dos Núcleos de Vanguardas do PSUV, os e as militantes revolucionárias do partido se somem de forma enérgica na organização dos núcleos.
Diante dessa mobilização do povo trabalhador, os companheiros e companheiras que agrupamos dentro do PSUV em torno do jornal “Lucha de Clases”, responderam positivamente ao chamado que fez o Presidente Chávez aos movimentos populares para inscreverem-se e organizarem-se dentro do Pólo. Lutamos para dar-lhe um programa de luta de radicalização da Revolução Bolivariana, que contemple a ocupação das fábricas abandonadas e que sejam colocadas a produzir sob controle operário e comunitário para reduzir o emprego informal e o desemprego juvenil; pela expropriação dos bancos, pelo financiamento publico dos planos de construção das casas populares de acordo com o Plano Nacional de Moradia; pela criação massiva dos conselhos de trabalhadores e trabalhadoras nos órgãos do estado para executar o desmantelamento do Estado burguês com a realização do controle operário dentro dos ministérios, instituições e empresas estatais, bem como outras medidas necessárias e imprescindíveis para levar a nossa Revolução à vitória definitiva contra a contrarrevolução capitalista.
Nesse mesmo sentido, os companheiras e companheiras da Corrente Marxista do PSUV (CMI Venezuelana) fazemos um chamado a todos os movimentos populares inscritos no GPP a lutar decidida e tenazmente contra qualquer tendência de converter o Pólo em um mero instrumento eleitoral para o 7 de outubro (data das eleições presidências para 2012). Para que o GPP converta-se em uma plataforma de luta nacional contra o capitalismo e pelo aprofundamento e radicalização da revolução bolivariana é necessário que a classe operária defenda dentro do Pólo uma política independente frente aos interesses dos burocratas e capitalistas.
Para tanto, é necessário reproduzir nacionalmente no GPP atividades como a Grande Assembleia Patriótica dos trabalhadores e trabalhadoras do GPP que foi organizada em Caracas pela seção local da cidade, por movimento nacional pelo controle operário e pelos conselhos de trabalhadores e trabalhadoras.
Os marxista declaram:
Operários, camponeses, mulheres, estudantes e movimento popular: vamos construir o Pólo como uma ferramenta para garantir a vitória do povo na luta contra o capitalismo! Vamos organizar os Núcleos de Vanguarda do PSUV dentro do Pólo!
No entanto, assim como nós nos declaramos pelo apoio e respaldo total à criação do GPP, da mesma forma consideramos de suma importância que diante do processo de construção dos Núcleos de Vanguarda do PSUV, os militantes revolucionários do partido se somem de forma enérgica à organização de tais núcleos, já que como organismos de base, os núcleos de vanguarda constituem as estruturas que nos permitirão fazer do partido um instrumento das lutas do povo em cada localidade, no campo, nas fábricas ou bairro, construindo desde baixo, das bases. O PSUV que todos e todas queremos e necessitamos só pode ser um partido socialista revolucionário a serviço das lutas e da construção do socialismo.
Para os setores politicamente mais avançados da militância do partido é bastante claro que, desde sua fundação, o PSUV funcionou lamentavelmente apenas como instrumento eleitoral, sem vincular-se à maioria das principais lutas populares que se desenvolveram na Revolução nos últimos 4 anos, e em muito casos, sobretudo nos últimos meses serviu inclusive de instrumento de conciliação com a burguesia e a burocracia do estado.
Casos como a ocupação legítima da fábrica de Cerâmica Cariba, diante do fechamento patronal injustificado, onde a direção do PSUV de Yaracuy não jogou nenhum papel, ou no caso das ocupações de INAF e GOTCHA, onde a direção do PSUV do estado de Aragua pareceu não existir, ou ainda pior, no caso das demissões em diversos ministérios e instituições estatais, para frear a organização dos trabalhadores e trabalhadoras, como foi caso dos dirigentes operários demitidos recentemente da ANTV, onde Darío Vivas (Coordenador Nacional de Organização e Mobilização do PSUV) é presidente do canal. Mas, também é correto afirmar que, apesar disso, que milhares e milhares (e até milhões) de operários de todo o país vêem o PSUV como uma referência organizativa para a classe operária na luta pelo socialismo.
É por isso que os revolucionários honestos devem manter uma luta tenaz e paciente dentro do partido contra o reformismo e o burocratismo, para aglutinar numa só força política as diferentes tendências e correntes de base que lutam no dia-a-dia contra esses ataques (e contra seus representantes) de modo a convertermos o partido em um instrumento necessário para a luta do povo e da classe operária venezuelana nesse momento histórico que estamos vivendo. Esta é a essência de nossas propostas programática para a luta dentro dos Núcleos de Vanguarda.