Dilma propôs um "pacto" com governadores e prefeitos de TODOS os partidos. Uma espécie de "União Nacional". E um plebiscito para fazer uma Constituinte paralela (mantendo este Congresso funcionando, portanto) para fazer uma Reforma Política.
Quase toda a direita, inclusive a "base aliada" já atacou a proposta, pois tudo o que querem é que as massas saiam das ruas e tudo fique como está. Querem paz, colaboração de classes e aumento dos negócios e lucros. Mas, se não der vai na marra mesmo, como pretende o STF.
Companheiros dos movimentos sociais se animaram com as propostas da Dilma porque vêem nelas uma retomada de iniciativa política e leem suas propostas como cheias de boas intenções e de capacidade de reaproximar o PT das bases e das lutas transformadoras.
Infelizmente é preciso ler e ouvir sem ilusões. E examinar a sério o que foi proposto. Começo por um tiro no pé dos movimentos e das organizações de trabalhadores.
Se eu entendi bem uma das geniais propostas de Dilma é de tornar corrupção "crime hediondo", certo?
Ou seja, nas atuais circunstâncias ela está propondo que (com este judiciário e este STF) Zé Dirceu e Genoíno fossem condenados por "crime hediondo"?
O jornal O Estado de SP já disse que a CUT é organização criminosa por praticar corrupção com dinheiro público. O MST é acusado de corrupção em dezenas de processos. Precisa dizer mais?
O MP, o judiciário e o STF na frente estão aí para julgar todos os inimigos de classe pelo artigo que bem entenderem.
Aumentar a repressão não é solução. Atacar as bases da corrupção é que é preciso. E estas bases são o mercado financeiro, as privatizações, a entrega dos recursos naturais, enfim, é o CAPITALISMO e seu sistema onde quem tem dinheiro tem tudo e quem não tem não tem nada!
O resto é repressão. Assim como José Eduardo Cardozo ofereceu a PF para ajudar Alckmin em São Paulo.
Atacar as bases da corrupção começa por se livrar dos amigos e partidos famintos e corruptos chamados de "base aliada". Botar os capitalistas para fora do governo!
Outra proposta genial, ou inacreditável, de Dilma é "Responsabilidade fiscal e estabilidade: Todos os entes da federação devem se empenhar em manter a inflação e os gastos sob controle".
Todo mundo sabe o que isso significa, n"austeridade". Responsabilidade fiscal é invenção do FMI/Tucanos para atacar os serviços públicos. E assim poder pagar a Dívida Interna e Externa para o mercado financeiro.
"Acelerar gastos com saúde"? O que significa no atual sistema onde tudo está sendo privatizado? Aparelhar hospitais para entrega-los aos empresários através das ditas "Organizações Sociais" e fundações?!
Nem uma palavra sobre reestatizar o que já foi entregue e garantia de Saúde Pública e Gratuita. Continuamos no paraíso dos Planos de Saúde. Ou morrendo no SUS.
Transporte: Mais desoneração de impostos para os empresários. Mais 50 bilhões para "mobilidade urbana" leia-se melhorar as condições de transporte e exploração do transporte público por tubarões. Nem uma palavra sobre mexer no lucro deles ou retomar o transporte para o Estado.
Educação: Mais dinheiro para educação privada financiada com dinheiro público ou para escolas públicas. Mais dinheiro para os tubarões do ensino, bolsas e financiamentos ou Fim do Vestibular e Vagas para todos?
Plebiscito por "Reforma Política"?
Porque não pergunta para as ruas se quer reforma política ou revolução? Quem quer "REFORMAR" este monstrengo que é o Estado Burguês brasileiro? Que mantem intactas as forças da repressão do tempo da Ditadura Militar e ditadores e torturadores (o que é a mesma coisa, afinal) impunes e dando ordens? E reprimindo os jovens e os trabalhadores?
E criminalizando os movimentos sociais?
A Reforma Política de Dilma, sabem qual é? É dinheiro público para financiar as campanhas de todos estes partidos que estão aí, e que organizaram este inferno em que se debate a maioria da classe trabalhadora. É dinheiro público para "estatizar" os partidos que não teriam mais como se autofinanciar, como um dia orgulhosamente fizemos no PT. E a Esquerda Marxista continua fazendo.
O argumento é que isso acabaria com a corrupção e a influência do poder econômico nas eleições. Argumentos que só um ingênuo ou um tolo podem levar a sério.
Companheira Dilma: Suas propostas não resolvem nada, exceto tentar soltar pressão da panela. E a direita vai combater suas propostas porque tem pavor de qualquer coisa que não consiga controlar diretamente e tem pavor de que o povo resolva levar a coisa a sério e arregace esta dita Constituinte exclusiva para Reforma Política e imponha suas reivindicações. A direita tem medo de que o processo se torne incontrolável.
É só ver os intelectuais de direita, como o arqui-reacionário Reinaldo Azevedo, condenando as manifestações. A direita vai combater estas propostas inócuas.
E para o povo trabalhador elas não vão resolver nada, nada!
O resultado pode ser um pouco adiado, mas é o fantasma do PSOE, na Espanha, e do Pasok, na Grécia, que você está criando e alimentando. De partidos de esquerda (mesmo que socialdemocratas) majoritários foram transformados em poeira pelo povo que antes os apoiava.
O PT merece mais, muito mais. E o povo brasileiro também.
Ponha para fora do governo todos os capitalistas. E também os de esquerda que só sonham e trabalham para o capital , e comece a governar para ter a maioria nas ruas ao nosso lado. Num verdadeiro governo da classe trabalhadora, ou popular nunca se verá o que estamos vendo no Brasil.
Ao contrário. Veja a Venezuela onde o povo saía às ruas em defesa de Chávez.
Cara companheira Dilma, põe no plebiscito a seguinte pergunta:
1. Você quer reformar o atual sistema mantendo toda sua atual estrutura conservadora e capitalista a serviço de uma classe minoritária privilegiada?
2. Você quer uma revolução que estabeleça novas instituições onde a maioria possa realmente se expressar e governar para o bem de todos e ver atendidas suas reivindicações?
Pergunta isso e pede para o povo assinalar a resposta.
Creio que o povo está farto do capitalismo, mas seus dirigentes históricos não deixam abrir outra saída. O povo sonha, como disse Saint Just na grande Revolução Francesa, com o dia em que a palavra felicidade não seja um sonho distante mas a realidade do dia a dia.
A luta continua pelas reivindicações e pelo socialismo!