Em São Paulo, aproximadamente 15 mil jovens e trabalhadores manifestaram-se contra o reajuste do preço das passagens. Em Florianópolis, os motoristas e cobradores entraram em greve. Em Recife, os metroviários ameaçam greve. Para o dia 20 de junho, estão convocadas manifestações nos pais inteiro contra o reajuste dos preços de passagens. Em Mato Grosso do Sul, em uma ocupação de terras, um índio terena foi assassinado pelas tropas federais. Em São Paulo um promotor pede que a PM atire nos manifestantes. A temperatura está subindo na luta de classes e só não vê os que vão passear em Paris e esquecem o sofrimento do povo.
Outro fato que exige uma reflexão foi a depredação da faixada da sede nacional do PT, próxima à Praça da Sé. Mesmo que tenha sido um pequeno grupo (funcionários do PT disseram que cerca de 200 manifestantes ao fugir da repressão passaram pela rua do Diretório Nacional do PT, e alguns poucos dentre estes, pararam em frente ao PT e começaram a atacá-lo), isso é significativo. Se a direção e os governos do PT aplicassem uma política em defesa dos interesses dos trabalhadores, será que passaria pela cabeça de algum manifestante depredar sua sede nacional?
Uma nova situação
A indignação está aumentando e isto tem relação direta com a situação econômica. A crise está chegando e as medidas tomadas pelo governo - desoneração da folha, investimentos em grupos privados, MP de entrega dos portos, privatizações (“concessões”) generalizadas, previsão de mais concessões e leilões de petróleo no próximo semestre – tudo isso não resolve nada e só acelera a chegada da crise. A bolsa cai, o dólar sobe e, mais importante que tudo isso, os alimentos sobem de preço. Sim, a inflação oficial está por volta de 6%, mas qualquer um que vá ao supermercado sabe que o preço da comida subiu 20%, 30% ou até dobrou, conforme o item. E isto é que conta no bolso do trabalhador.
Os Ministros podem se desdobrar em desculpas, Dilma pode programar uma “agenda positiva”, mas a verdade é que aquilo que está doendo no bolso do trabalhador só pode ser enfrentado com medidas duras de enfrentamento ao patronato e ao imperialismo, e este governo, com o PT entranhado nas alianças com a burguesia, não tem condições de fazer!
Para a maioria dos dirigentes do PT a ordem é defender o “nosso campo”, “nossas alianças” contra o PSDB, que é a “reação”. Entretanto, na hora de anunciar o aumento das tarifas em São Paulo, o Prefeito Haddad, do PT, juntou-se a Alckmin do PSDB. Na hora de criticar os manifestantes e defender a PM, Haddad novamente encontra-se junto com Alckmin.
Depois, quando a grande imprensa comemora a queda de Dilma nas pesquisas, os dirigentes do PT não conseguem explicar nada e apenas reclamam do ‘partido da imprensa’.
O mundo em ebulição
Dilma depois que editou a MP que reduz impostos sobre transportes municipais se calou sobre os aumentos generalizados ocorridos no país. Sim, eles não têm nada a dizer por que se recusam a romper com a burguesia, com os grandes empresários e querem “governar com normalidade”. O problema é que o mundo inteiro está deixando de ser “normal” e a velha luta de classes ressurge pra valer. A Suécia arde durante semanas na revolta de jovens e imigrantes que queimam restaurantes, escolas e bancos e deixam escrito: “local que nunca vou poder ir”. Sim, a diferença social conduz à revolta e isto vale para a Suécia, Turquia e Brasil.
É apenas o inicio de um vendaval
A Folha de São Paulo retratou o sofrimento e o espanto de quem ia de carro e assistia assustado a guerra dos policiais armados contra jovens desarmados, atacando-os com bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha, nas ruas de São Paulo. Mais assustados ainda estão os trabalhadores e jovens que verificam que o salário que recebem não é suficiente para pagar aluguel, o transporte e a comida no final do mês. Ficam assustados e estão cansados de irem e virem do trabalho em ônibus e metrôs apinhados até as tampas, e só não caem porque não tem lugar pra cair, de tão cheio que vão os vagões e ônibus. Estão cansados e assustados por morarem nas longínquas periferias aterrorizadas pela polícia e pela bandidagem. Para além do cansaço, começam a buscar saídas, lutam e se revoltam! Mas é apenas o início! Ventos mais fortes soprarão.
O caminho é a luta
No meio de tudo isso, os trabalhadores abrem o seu caminho: greve em Florianópolis, com a justiça tendo decretado que na greve “100% dos ônibus tem que rodar”, medida que foi desprezada com justeza pela categoria que já recebeu o apoio de outros sindicatos e movimentos populares. Em Recife os metroviários ameaçam parar.
A velha luta de classes anuncia um novo tempo
As manifestações ocorridas em Goiânia, Porto Alegre, Rio, São Paulo, e outras cidades e capitais, contra os reajustes das tarifas dos ônibus e metrôs, são o apito e mostram que o trem está chegando. A juventude em São Paulo, inclusive petistas, tomou o caminho correto e está nas manifestações contra os reajustes das passagens realizados por Alckmin e Haddad.
Este primeiro movimento majoritariamente de jovens é a mostra de que a coisas no interior do PT estão se descongelando, demonstra que os trabalhadores e a juventude irão exigir de seus dirigentes, da UNE, da CUT, do PT, da CMP, muito mais que simples declarações ou “agendas positivas” que nada resolvem. Há que romper com as alianças com a burguesia e seus partidos e atender as reivindicações.
A Esquerda Marxista está na luta ao lado dos trabalhadores e da juventude. Uma nova situação está se abrindo! A panela de pressão começa a ferver e no próximo período, participando das lutas, estaremos dialogando com os filiados do PT para pedir apoio militante à tese Virar à Esquerda Reatar com o Socialismo.
Junte-se a nós!