Em Bauru, a Esquerda Marxista mantém um local no centro da cidade destinado a reuniões, exibição de filmes e encontros que são também utilizados por movimentos populares, sindicatos partidos políticos entre outros movimentos sociais.
No dia 01 de maio, dia do trabalhador, o Espaço Cultural da Esquerda Marxista sofreu um ataque de um grupo intitulado “anti-antifa”, abreviatura de “anti-antifascistas”, portanto fascistas que combatem os antifascistas.
Adesivos foram colados na fachada com as inscrições “100% anti-comunista” e “Anti-Antifa” além de cartazes deixados por debaixo da porta com os dizeres “Para que Revolução, se o Brasil precisa de Evolução?”
Os mesmos materiais foram encontrados pregados nos postes e árvores do Parque Vitória Régia, próximos ao palco onde ocorreriam os shows e apresentações do dia 1° de maio, promovido pela CUT.
O que é o Anti-Antifa?
O “anti-antifa” é o nome que se dá a um agrupamento de extrema direita que faz oposição aos tradicionais grupos antifascistas (daí o nome “anti-antifa”), estes últimos geralmente constituídos por grupos anarquistas/punks, socialistas, etc.
Em seus sites e blogs, escritos em mal português, estão seus princípios e programas, carregados de discriminação, machismo, homofobia e ódio contra grupos progressistas e de esquerda como partidos políticos e demais movimentos de esquerda além de seus alvos históricos, como é o caso de imigrantes, judeus e negros.
A ação ocorreu na madrugada de 30 de abril para 1° de maio. Em Bauru, é a primeira vez que um grupelho deste tipo manifesta-se e embora existam vários partidos políticos de esquerda com sede própria na cidade, o alvo foi o Espaço Cultural da Esquerda Marxista e a festa do primeiro de maio, dia do trabalhador, da CUT.
Como encarar a questão
Alguns podem ter a tentação de desprezar o fato, “afinal, foram apenas uns adesivos e panfletos fascistas”. Esta é uma forma inteiramente despolitizada, rasa e ingênua, de ver a questão. Para “colar alguns adesivos (e foram muitos), na sede da Esquerda Marxista e no local do Ato da CUT foi necessário reunir gente, discutir politicamente, planejar, reunir dinheiro, trabalho para preparar e imprimir os materiais, providenciar transporte, deslocar militantes fascistas e esgueirando-se na noite praticar o atentado, aviso intimidatório contra organização marxista. Isto significa uma organização ou um esforço de colocá-la em funcionamento. E a diferença entre concluir a ação com adesivos tentando intimidar ou concluir com cinco tiros contra um dirigente de esquerda que sai do local ou chega em casa tarde da noite é apenas um crescendo de qualidade. Por isso nenhuma ação destas bestas covardes pode passar impune.
Todos conhecem um trecho do poema “No caminho com Maiakovski, (falsamente atribuído a Bertold Brecht):
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.” (Eduardo Alves da Costa, 1936)
Por isso é preciso reagir imediatamente e com seriedade.
Nossa posição sobre a questão é a mesma de Trotsky sobre o crescimento do fascismo na década de 30, na Alemanha: "Só se poderá agir praticamente com um acordo entre as diferentes organizações contra o inimigo comum. Sem renunciar â sua independência nem ao direito de crítica mútua, as organizações operárias devem concluir entre elas um acordo de combate ao fascismo. Antes de mais nada, trata-se de defender um instrumento fundamental do proletariado, suas organizações. Esta tarefa é igualmente evidente e imediata aos olhos de todo operário organizado, seja qual for a direção política global de sua organização”. (Leon Trotsky, "Por um acordo de combate das organizações proletárias contra o fascismo”, Obras, nov. 1935 -abril 1934). É o mesmo caso, ainda que em proporções muito diferentes. Mas, o método de combate a esta escória humana é o mesmo.
A diferença dos anos 30 entretanto, é bom explicitar, o fascismo não tem, em nenhum lugar do mundo, uma base social de massa, como chegou a ter na Alemanha e Itália. Muito menos no Brasil. Aqui, especialmente, são pequenos e ridículos grupos sem apoio de massas e que se ligam em geral aos meios de repressão, como PM, polícia civil, Polícia Federal, etc. Durante as manifestações de junho de 2013 apareceram sempre junto com os P2 (PMs infiltrados à paisana nas manifestações) para fazer provocação. Quando tentaram, animados pela mídia burguesa e os gritos de “sem partido e sem bandeira”, chamar atos fascistas apareceram 30 em São Paulo e 6 gatos pingados no RJ.
Nos anos 30 a base dos fascistas vinha dos camponeses desesperados, dos professores, dos bancários, dos estudantes, dos desempregados desesperados. Hoje, estes setores sociais são imensos setores proletarizados e que há muito se incorporaram às lutas da classe trabalhadora, sendo mesmo muitas vezes sua vanguarda, e extremamente organizados sindical e politicamente. É a mesma diferença que se teria entre as antigas “professorinhas normalistas” cujo principal ideal era o casamento, e as atuais combatentes professoras e professores que buscam mudar o mundo.
Apuração e punição dos responsáveis fascistas
A Esquerda Marxista, através de seu vereador em Bauru, o ferroviário Roque Ferreira, exige a apuração e punição dos responsáveis pelo atentado à sede da Esquerda Marxista. Este atentado é um ataque às liberdades democráticas e prenuncia uma tentativa de escalada intimidatória.
Por isso nos dirigimos a todas às organizações operárias e democráticas pedindo solidariedade e, em Bauru, propondo a constituição de uma Comissão Unitária, das organizações de esquerda, sindicais, democráticas e populares, para exigir apuração e punição dos responsáveis, assim como discutir o que fazer frente a possibilidade de novos atentados contra qualquer organização.
Contato e moções de Solidariedade para:
Esquerda Marxista: contato@marxismo.org.br e Roque: roque800@gmail.com
Quem somos e por o que lutamos?
Esquerda Marxista luta pelas reivindicações operárias, pela revolução socialista. Queremos a emancipação da classe trabalhadora do jugo do capitalismo.
Lutamos em defesa das reivindicações, direitos e conquistas da classe trabalhadora
Lutamos por Transporte, Educação e Saúde Públicas e Gratuitas para todos. Por isso organizamos a Juventude Marxista (JM) em defesa das reivindicações e do socialismo.
Impulsionamos o Movimento Negro Socialista (MNS), lutando contra o racismo e pela universalização dos direitos.
Lutamos pela Reforma Agrária e defendemos as ocupações de terra junto com o MST e agimos junto com o movimento por moradia.
Fomos a organização operária que impulsionou e dirigiu o Movimento das Fábricas Ocupadas (Cipla, Interfibra, Flaskô e tantas outras), desde 2002, lutando pela estatização sob controle operário.
Nos ligamos a luta dos trabalhadores de todo o mundo contra toda opressão e exploração.
São essas e outras lutas que faz com que grupelhos como os “anti-antifa” babem e vociferem ódio contra organizações como a Esquerda Marxista, pois eles não existem senão para desempenhar seu papel de cães raivosos e adestrados em defesa do capitalismo e todos os horrores que este sistema traz consigo.
Enquanto lutamos pelo fim do racismo e a promoção de direitos universais, eles propagam o ódio racial;
Enquanto nós defendemos a divisão justa das riquezas socialmente produzidas, eles propagam a exclusão social e a perpetuação da pobreza em defesa do Capital;
Enquanto nós defendemos a solidariedade internacional entre os trabalhadores, eles pregam a xenofobia, a violência contra as minorias, o medo e a opressão.
Continuaremos na luta, com a bandeira vermelha hasteada bem alta, sinalizando aos trabalhadores que o horizonte é vermelho. Continuaremos com nossa bandeira vermelha hasteada bem alta, pois sabemos que quando os pesados batalhões da classe trabalhadora calçarem suas botinas e entrarem na batalha chutarão para as masmorras da História os fascistas, os dirigentes traidores, os burgueses e toda corja usurpadora que ainda mantém o capitalismo de pé.
Nós venceremos!