Diante do clamor de quem durante semanas tem seguido com atenção o desenvolvimento da Alternativa Popular Revolucionária (APR), nos dias 15 e 17 de setembro foram divulgadas as listas dos candidatos que se postularam para as próximas eleições parlamentares do dia 6 de dezembro. Mesmo que este aspecto possa parecer supérfluo para alguns, é importante destacar que este feito representa a síntese de um grande esforço conjunto por parte das diversas forças políticas partidárias e de base a nível nacional.
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Para corroborar o anterior, basta prestar atenção aos listados, onde se veem refletidos dirigentes não somente do Partido Comunista da Venezuela (PCV), mas de outras organizações e movimentos, como a Corrente Revolucionária que é liderada por Rafael Uzcátegui, bem como a Corrente Revolucionária de José Pinto, ambas privadas recentemente de sua personalidade jurídica como partido, permanecendo nas mãos das alas complacentes com o PSUV. Entre as organizações que integram este esforço se encontram: Somos Lina – que por sua vez está envolvida em um litígio para recuperar a sua sigla – a Esquerda Unida, o Movimento das Mulheres Campesinas, a Rede Autônoma de Comuneros, o MBR-200, o Núcleo de Intelectuais e Cultistas, o Partido Revolucionário do Trabalho, entre outras organizações operárias e populares, que, junto com a Corrente Marxista Lucha de Classes, vem puxando com muita força pelo aprofundamento do debate programático e de princípios políticos, ao lado da designação de candidatos que refletem os ideais revolucionários que defendemos.
Sem dúvida, apesar de que a APR tenha conseguido constituir uma proposta eleitoral, os debates e as discussões têm continuado. Por quê? É simples: porque a projeção da APR não termina na eleição, mas na construção de um política de referência para a superação revolucionária da crise do capitalismo. Assim, entendendo que os breves prazos impostos pelo CNE obrigaram a desviar parte do esforço coletivo para o tema das candidaturas, é necessário continuar no debate programático do espaço (que se encontra bastante avançado), que evidencie o horizonte político e estratégico da aliança, que ofereça uma proposta integral para a grande maioria e comprometa os candidatos a uma política revolucionária unitária.
Temos feito uma batalha para que este debate seja possível. Estamos convencidos de que a adoção de um programa revolucionário por parte da APR permitiria se conectar com o sentimento do povo trabalhador ávido por respostas, marcando por sua vez a demarcação de tudo que hoje a maioria repudia: a mediocridade da direita apátrida, o parasitismo da burguesia nacional, as pretensões de seus amos imperialistas e a política antipopular do governo que tem desapontado os interesses do povo trabalhador.
Os ataques contra a APR
Em outros artigos temos explicado a natureza dos ataques que a APR tem recebido, mas agora tem se evidenciado uma ofensiva maior, que sem dúvidas busca desprestigiar, amedrontar e intimidar aos que formam esta mesma. Temos vários exemplos destas afirmações:
Por um lado, a censura dos grandes meios de comunicação públicos e privados que nos limitam em grande medida a não divulgarem os nossas aproximações, visto que estes tem se voltado para cobrir unicamente as atividades e propostas da direita e do partido do governo e as reportagens tendenciosas que nos catalogam como “movimentos ou setores críticos ao governo”, como se isso fosse a única coisa que nos define politicamente ou como se não tivéssemos deixado claro em nossas declarações públicas, da mesma forma que a APR e as organizações autônomas, nosso profundo rechaço às sanções imperialistas ilegalmente impostas a nosso país e a direita submissa que as promove.
Outro aspecto que os meios de comunicação tem feito referência é a incorporação do dirigente José Pinto, que foi secretario geral do Partido Tupamaro, e que hoje é candidato na lista nacional, ao se referir a ele como “um preso postulado a Assembleia Nacional”, deixando de lado o ato de solidariedade por parte de todas as organizações da APR em nomeá-lo, enquanto encara um processo judicial que tem um claro fundo político, e apesar de se encontrar em um estado de saúde bastante delicado.
Por outro lado, se encontram os abusos que resultaram em intimidações, como foi o caso do companheiro Ángel Rodríguez, dirigente do Movimiento Viviendo Venezoelano e candidato que disputa pela APR no circuito 4 do Estado Miranda, que foi ameaçado e agredido física e psicologicamente por sujeitos desconhecidos no dia 12 de setembro. Também o que aconteceu com o companheiro Sergio Requena, coordenador nacional do Ejército Productivo Obrero (EPO), e candidato no circuito 2 do município de Caroní, do Estado de Bolívar pela APR no dia 14 de setembro, que foi vítima de uma injusta e ilegal demissão por parte da empresa estatal CVG Carbonorca de Cidade Guayana, ação que violou a LOTT e o Decreto Executivo de Imobilidade Laboral, ao não existir justificativa alguma para ele ser despedido. Tal fato acarretou uma campanha de solidariedade proletária e de rechaço imediato pelas redes sociais, o que fez com que o empregador recuasse dois dias depois, incorporando novamente o companheiro a seu setor de trabalho.
Da mesma maneira, no dia 16 de setembro foram detidos os companheiros Diosmam Boadilla e Hiraida Flores, ambos candidatos à Assembleia Nacional da Alternativa Popular Revolucionária. Este fato aconteceu em La Guaira quando funcionários da polícia estatal abordaram estes companheiros pintando um mural com a consigna “Salário Igual à Cesta Básica”, alegando que tal iniciativa constituía uma violação a Lei Contra o Ódio. Isto é totalmente deplorável e evidencia a terrível decadência da burocracia governamental, que criminaliza o direito ao protesto e as lutas pelas melhoras reivindicadas pelo povo trabalhador, deturpando a interpretação das leis. Finalmente, o incidente não avançou e os companheiros foram liberados depois de algumas horas.
Outro fato mais recente, tem sido o achatamento da unidade produtiva em Achaguas, que é administrada por Franklin González, secretário político do PCV e candidato da APR na circunscrição 2 no estado de Apure, por funcionários do FAES, que requisitaram o espaço sem ordem judicial, proferindo comentários ao companheiro González que “permaneça tranquilo na fazenda produzindo”, o que pode se considerar como uma “ameaça velada”, tal como tem sido declarado pelos companheiros do PCV, no dia de ontem, 17 de setembro.
Todos estes atos de uma maneira ou outra formam parte de uma ofensiva que busca intimidar e quebrar os candidatos da APR. Neste sentido, nós marxistas rechaçamos vigorosamente qualquer tipo de agressão ou ameaça contra todos estes companheiros e a Alternativa em geral, que só podem refletir uma violação aos direitos políticos do povo e as mais elementares garantias democráticas de participação política e organização.
O certo é que a contenda está apenas começando e o que se aproxima não aparenta ser diferente. Os ataques futuros podem ser de diferentes naturezas, inclusive por meios legais. E está aí a importância de ser cautelosos e não se entregar fácil a nossos adversários que tem estado observando sigilosamente nossos passos. Esta não é uma questão simples e muito menos de se subestimar.
Neste momento, nossa obrigação como revolucionários é seguir lutando a batalha pela consolidação da Alternativa Popular Revolucionária como um ponto de referência honesto e resoluto para o povo trabalhador, denunciar com contundência qualquer arbitrariedade e agressão, defender ferozmente as nossas organizações e camaradas e não esquecer que, se alguma coisa ficou demonstrada nos últimos acontecimentos, foi o poder que tem a classe operária, campesina e demais setores populares quando eles se propõe. Por isto fortalecemos a solidariedade como escudo na defesa de nossos direitos políticos e democráticos.
Solidariedade classista e revolucionária!
Pela defesa de nossos direitos políticos e democráticos!
Por uma Alternativa Popular Revolucionária!