Ucrânia: governo Zelensky usa invasão para justificar repressão política

O governo de Zelensky continua a usar cinicamente a invasão para justificar a repressão de oponentes políticos. Onze organizações tiveram suas atividades políticas criminalizadas no período do conflito armado. Embora algumas dessas organizações sejam farsescas e haja membros desses grupos que assumam atitudes favoráveis ​​à invasão russa, nenhuma evidência de colaboração foi apresentada.

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Enquanto um punhado de membros dessas organizações realmente aplaudiu a invasão russa, a maioria se opõe ao governo e não tomou nenhuma ação para apoiá-lo. Entre eles está a Oposição de Esquerda, partido sucessor do Partido Comunista da Ucrânia (KPU), que teve suas atividades restringidas pelas leis de descomunização de 2015. Vale destacar que seu partido irmão, o Partido Comunista da Federação Russa, ao respaldar vergonhosamente a invasão de Putin e adicionar combustível ao seu afastamento dos trabalhadores ucranianos que se opõem à invasão russa não facilitou as coisas para o KPU.

Os principais partidos da oposição burguesa (Bloco de Oposição), que historicamente apoiaram laços econômicos mais estreitos com a Rússia, também não demonstraram ter colaborado com a invasão. A “Plataforma de Oposição – Pela Vida” (OPFL), que tem 43 deputados no Parlamento, está entre os partidos banidos sob a acusação de “colaborar com o agressor”. De fato, a OPFL expulsou um de seus parlamentares por apoiar a invasão russa, emitiu uma declaração exigindo que a agressão russa parasse e conclamou seus membros a se juntarem à Defesa Territorial. Este partido ficou em segundo lugar nas últimas eleições parlamentares de 2019, com 1,9 milhão de votos (13%). O voto combinado dos três partidos parlamentares banidos foi de 2,7 milhões (18%).

Outros partidos sem representação parlamentar parecem ter sido banidos porque seu nome contém a palavra “socialista” ou “esquerda”, ou porque seu eleitorado está entre os russos étnicos. Deve ser dito: isso não tem nada a ver com os interesses da defesa nacional, mas com os interesses do partido de Zelensky que quer manter o monopólio do poder após um possível cessar-fogo.

Inúmeras prisões de ativistas de esquerda e da oposição também foram relatadas. Por exemplo, Yuriy Tkachev, da publicação Odessa Timer, foi preso em sua casa pela segurança interna (SBU). Tkachev tem se empenhado em reportagens bastante neutras sobre o conflito, inclusive informando os moradores sobre os danos causados ​​pelos bombardeios e ataques aéreos russos. No entanto, ele foi acusado de lidar com explosivos e armas. Tkachev foi fundamental para a reportagem do massacre de Odessa em 2 de maio de 2014.

Detenções de vários ativistas estão sendo relatadas todos os dias. Precisamos nos opor aos movimentos cínicos do governo Zelensky de prender e ameaçar a oposição sem qualquer prova de irregularidade. Sem dúvida, os que estão no poder sabem que usar acusações de colaboração como uma tática de difamação pode ajudar a desmoralizar ainda mais o potencial sentimento de oposição futura quando as coisas retornarem à regra da oligarquia do status quo ante. É por isso que tantas organizações diferentes estão sendo agrupadas em uma só com essa lei.

Além de decidir proibir onze partidos, Zelensky também usou os poderes da lei marcial para combinar todas as emissoras de TV do país em uma única emissora sob o controle do governo. Isso convenientemente permitiu que ele suprimisse uma estação de TV ligada a Poroshenko, que havia criticado a posição de Zelensky de desistir da adesão à Otan. Esta foi provavelmente uma tentativa cínica de Poroshenko de obter vantagem política. Mas, em todo caso, permanece o fato de que o governo agora impediu a transmissão de quaisquer opiniões críticas, incluindo aquelas que não podem de forma alguma ser acusadas de favorecer a invasão russa.

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