Peru: As mobilizações se espalham, a oligarquia e todos os golpistas devem ser expulsos

Com o passar dos dias e das horas, cresce em todo o Peru a resistência ao golpe da oligarquia e do congresso. As regiões mais empobrecidas do país, de norte a sul, se levantaram insurgentes contra os golpistas, contra o parlamento e pela convocação de novas eleições.

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A oligarquia, junto com a OEA e a direita agrupada no parlamento, fizeram uma análise equivocada, achando que a ação de Pedro Castillo havia desmoralizado sua base de apoio a tal ponto que poderiam tirá-lo do caminho sem maiores problemas. O que eles têm agora é uma mobilização nacional que atinge seu ponto mais alto em certas regiões, como Andahuaylas, onde a população se declarou insurgente e convocou uma greve por tempo indeterminado.

Na capital, Lima, as mobilizações ainda não atingiram o nível de massividade que existia quando Vizcarra foi afastado. Isso é de se entender. Em Lima, a concentração da pequena burguesia e da classe média que, naquele momento, participavam do movimento, nesta ocasião não o fazem. No entanto, os estudantes e os bairros populares que circundam a capital se mobilizaram, embora sem muita organização ou contundência. Isso pode mudar. A chegada dos contingentes para a mobilização nacional em 15 de dezembro pode tirar as massas de Lima da inércia.

Até agora são 9 as regiões que aderiram à luta. Em Apurímac, as organizações sociais declararam a insurgência popular. Na província de Andahuaylas não só declararam a insurreição, como também, diante da repressão policial, a população prendeu alguns policiais como reféns.

A Assembleia Nacional Extraordinária de Frentes de Defesa e Organizações Sociais do Peru com 200 delegados a nível nacional aprovou: Liberdade para Castillo, fechamento do congresso, convocação de uma Assembleia Constituinte e Greve Nacional para 15 de dezembro. A assembléia da Federação de Estudantes do Peru acordou uma greve em 15 de dezembro com mobilizações na capital. A FENATEPERU também convocou uma greve para 15 de dezembro. Em Junín, o comando unitário regional de luta organizou para segunda-feira uma jornada de luta unitária. A Frente Rural e Agrária do Peru convocou uma greve por tempo indeterminado a partir de 13 de dezembro e convoca a adesão ao dia nacional de 15 de dezembro.

O povo está respondendo e o dia 15 será o ponto de convergência nacional. A luta está apenas começando.

As palavras de ordem

Até agora as mobilizações se concentram na reivindicação do fechamento do congresso corrupto e golpista, no afastamento do novo presidente ilegítimo, liberdade para Castillo, novas eleições e uma assembléia constituinte.

São palavras de ordem corretas porque dão uma resposta direta ao golpe e às instituições controladas pela oligarquia peruana, pelo Congresso e pela constituição fujimorista. A questão é que, para realizar essas palavras de ordem, está implícita a necessidade de outro poder, outro organismo que possa resolvê-las. Como confiar nas atuais instituições burguesas para que os poderes golpistas desapareçam? Quem pode realizar essas tarefas?

A única força capaz de levar à frente essas palavras de ordem é o próprio povo trabalhador organizado em uma assembléia nacional unitária de representantes eleitos de todas as forças em luta.

A questão que deve ser colocada sobre a mesa é: quem governa o país? A vontade democraticamente expressa da maioria do povo ou a vontade da CONFIEP, da embaixada dos Estados Unidos e das multinacionais da mineração? Devemos alertar que mesmo uma nova Constituição não resolveria nenhum dos problemas prementes dos trabalhadores e camponeses, se o poder econômico permanecer nas mãos de um punhado de oligarcas capitalistas. Equador e Bolívia aprovaram novas constituições, mas o poder da classe dominante permanece intacto.

Uma assembléia nacional revolucionária de representantes deve assumir a liderança desta luta e para ganhá-la deve enfraquecer seu principal inimigo, a oligarquia capitalista peruana e o imperialismo americano, que são os que mantêm os congressistas em seus assentos, os que financiam os meios de comunicação vendidos, os que pagam bandidos para assassinar lideranças camponesas.

Golpear a oligarquia e o imperialismo significa tirar-lhes o controle de seus ativos econômicos. Formam uma pequena minoria que se faz valer por seu dinheiro e seus meios econômicos (fábricas, bancos, mineradoras, terras, mídia etc.). Se isso lhes for tirado, se os trabalhadores assumirem a direção dessas empresas, bancos e mídia, o poder da oligarquia e do imperialismo se acaba.

Uma assembléia geral de luta poderia e deveria organizar um novo poder. Com base na derrubada das atuais instituições, os trabalhadores organizados podem assumir a tarefa de elaborar uma nova constituição que reflita as aspirações das massas operárias e camponesas.

Um apelo às forças revolucionárias operárias e camponesas

A mais ampla unidade de ação é necessária para acabar com a odiada oligarquia e com o usurpador e corrupto congresso. Este 15 de dezembro deve ser o início de uma ofensiva dos trabalhadores, camponeses e jovens. Após a greve nacional acompanhada da tomada de estradas, devemos constituir uma assembléia revolucionária e ela deve liderar os próximos passos.

Devemos continuar a espalhar a luta por todos os cantos do país, naqueles lugares onde a organização popular é forte, controlar os meios de comunicação para manter a comunidade informada, desarmar a polícia para evitar a repressão, lançar apelos à base do exército para que os soldados rasos se unam à luta.

Coordenar uma nova jornada de luta, agora com fechamento de bancos e grandes empresas, tomada de estradas e shopping centers. A luta deve elevar o tom. Se estivermos organizados e determinados, podemos enfrentar a repressão.

Nem um passo atrás, até acabar com o congresso corrupto, acabar com os golpistas e acabar com a oligarquia reacionária.

Construir os Comitês de Luta e as Assembléias Populares!

Que decidam os trabalhadores, não a oligarquia!

Fechamento do Congresso Burguês e Parasitário!

Fora golpistas!

Liberdade para Castillo! Eleições AGORA!

Assembleia Nacional Revolucionária!

Expropriem a oligarquia capitalista e as multinacionais!


Tradução de Fabiano Leite.

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