Lançamento no Rio de Janeiro encerra visita de Alan Woods ao Brasil

A série de atos com a presença de Alan Woods na América Latina chegou ao seu fim com um ato vitorioso no Rio de Janeiro. Na noite de segunda-feira (9/10), durante uma semana de feriadão, reuniram-se mais de 100 pessoas no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, no Centro do Rio de Janeiro, para comemorar o centenário da Revolução Russa e estudar e debater sua atualidade com o lançamento do livro “Stálin”, de Leon Trotsky.

O plenário contou com militantes da juventude e vanguarda socialista do Rio de Janeiro de diferentes tendências políticas e interessados no tema. Militantes do interior do Rio de Janeiro viajaram até a capital só para esse evento. Jovens da Esquerda Marxista (seção brasileira da Corrente Marxista Internacional – CMI) vieram de São Paulo para reforçar a banquinha de vendas de livros. Tivemos a presença do Coletivo Juntos e do Pré-vestibular Emancipa. O evento foi transmitido ao vivo pelo Facebook.

Depois de uma breve introdução de Pedro Fuentes (dirigente do MES), falou o camarada Danilo Serafim, dirigente do SEPE (sindicato dos professores do Estado do Rio) e integrante do Coletivo Marxista Paulo Romão que lembrou toda a trajetória de Trotsky como “o profeta que previu e armou a Revolução de Outubro” nos momentos decisivos dos anos 1920. E comentou a importância do livro como absolutamente necessária para se conhecer a verdade histórica que a burguesia insiste em falsificar, como em recente artigo de O Globo mais uma vez caluniando Trotsky.

Luciana Genro (dirigente do MES) apresentou a Revolução Russa como aquela que abriu todo um período histórico de revoluções operárias e felicitou a iniciativa da Corrente Marxista Internacional e particularmente ao camarada Alan Woods pelo lançamento desse importante livro como exemplo de iniciativa que os revolucionários devem seguir realizando no mundo inteiro.

Depois, Luiz Bicalho falou em nome da Esquerda Marxista e Editora Marxista. Bicalho explicou a importância de estudar a economia, política, filosofia e ciência como os grandes revolucionários, a exemplo de Lenin que ajudou toda uma geração a se tornar comunista, marxista e construir um partido para tomar o poder. Ressaltou a importância do trabalho na juventude para que ela aprenda a conversar, aprenda a se dirigir e também a aprender com os operários. Esse foi um mérito do partido de Lenin que tinha um trabalho grande nas universidades e que soube unir isso ao trabalho nas fábricas.

Bicalho questionou alguns eventos que estão sendo realizados para se comemorar a Revolução Russa, mas que reproduzem muitos mitos como o de que a degeneração burocrática estalinista da URSS foi fruto da personalidade de Stalin, e não de um processo histórico em que o stalinismo foi a contrarrevolução que destruiu o partido e a III Internacional. E apresentou Alan Woods, como dirigente da Corrente Marxista Internacional, e seu trabalho junto a Rob Sewell, na recuperação dos originais e preparação do livro, diferente de versões anteriores distorcidas pelo editor Malamuth.

Alan Woods começou dizendo que estava sendo um grande prazer estar no lançamento da tradução portuguesa desta grande obra. Ele explicou como este livro foi recuperado de caixas que estavam perdidas em arquivos empoeirados na Universidade de Harvard. Fez uma síntese do livro, explicando que Stálin era um sujeito perverso, vingativo, porém, estas características pessoais não podem explicar como ele subiu ao poder, nem as causas da degeneração burocrática da Revolução Russa.

O dirigente da CMI também explicou que o triunfo da contrarrevolução burocrática só pode ser entendido pelo isolamento da Revolução Russa num pais muito atrasado. Essa degeneração teria acontecido com ou sem Stalin. Não obstante, o caráter particularmente violento, sádico e sangrento do regime estalinista, efetivamente, reflete as características particulares da personalidade de Stálin.

Alan Woods apresentou a Revolução Russa como o episódio de maior significado na história da humanidade, a revolução mais popular e mais democrática já ocorrida. E por isso recebe tantos ataques da burguesia até hoje.

“Este livro é a última palavra do homem que, junto com Lenin, dirigiu a Revolução de Outubro e manteve firme a defesa das ideias marxistas até as últimas consequências, até agosto de 1940 quando Stálin conseguiu silenciá-lo com um golpe covarde e brutal em seu cérebro”. O momento mais emocionante e mais aplaudido do discurso de Alan deu-se na explicação de que Stálin nunca entendeu que, se é fácil matar seres humanos, “não se pode matar uma ideia cuja hora chegou”. “Este livro que veio a luz é uma arma nas mãos dos lutadores de hoje. Setenta anos depois de Stálin achar que estava tudo acabado, aqui estamos nós” (muitos aplausos).

Ao final, foram feitas algumas perguntas e muito animados com a discussão, os participantes seguiram debatendo entre si e formaram filas para o autógrafo de Alan Woods. Foram vendidos dezenas de livros e muitas pessoas já pagaram adiantado o segundo volume que será lançado ainda em 2017.

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