Hieronymus Bosch foi um dos mais notáveis e originais pintores de todos os tempos. Suas obras foram pintadas há 600 anos e ainda continuam surpreendentemente modernas, tendo antecipado o surrealismo. É a arte de um mundo em estado de turbulência, despedaçado por tendências contraditórias – um mundo em que a luz da razão se extinguia e onde as paixões animalescas ganhavam relevo, um mundo de horror e violência, um pesadelo real. Em síntese: um mundo muito parecido com o nosso. Alan Woods analisa isso do ponto de vista do materialismo histórico.
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Pouco se sabe da vida do homem que conhecemos por Hieronymus Bosch. Até mesmo esse nome não é o seu próprio nome, mas o pseudônimo com que assinava sua obra. Seu verdadeiro nome era Jeroen Anthoniszoon van Aken, nascido aproximadamente em 1450 na próspera cidade comercial holandesa de Bolduque (s’Hertogensbosch, em holandês) nas proximidades da fronteira alemã. Bolduque era uma próspera cidade com cerca de 25 mil habitantes. A tecelagem do linho era a sua mais importante indústria. Mas ela também era conhecida por seus construtores de órgãos, fundidores de sinos, pintores e mestres forjadores de facas, armas, pregos e alfinetes. Aproximadamente 90% da população trabalhava na terra.
Bosch viveu no período que Johan Huizinga (historiador holandês) chama de decadência da Idade Média. Esse período coincide com o início do grande despertar cultural conhecido como Renascimento. As pesquisas e descobertas científicas floresciam numa atmosfera de curiosidade intelectual. Sob a aparência externa de procissões, romarias e religiosidade, as pessoas tornavam-se crescentemente céticas em relação à Igreja e surgiam dúvidas sobre a ordem divina das coisas. A invenção da imprensa trouxe a possibilidade de propagar a ciência a um leque mais amplo de pessoas.
Foi esse um importante ponto de inflexão na história. Foi um período em que as fundações do feudalismo estavam sendo minadas pelo capitalismo, como Marx e Engels explicaram:
“Dos servos da Idade Média saíram os moradores dos burgos das primeiras cidades; deles saíram os primeiros elementos da burguesia.
A descoberta da América, a circunavegação da África, abriram um novo campo de ação à burguesia nascente. Os mercados das Índias Orientais e da China, a colonização da América, o intercâmbio com as colônias, o aumento dos meios de troca e das mercadorias em geral deram ao comércio, à navegação, à indústria um impulso jamais conhecido antes e, em consequência, favoreceram o rápido desenvolvimento do elemento revolucionário na sociedade feudal em decomposição.
O modo de exploração feudal ou corporativo da indústria existente até então não mais atendia às necessidades que aumentavam com o crescimento dos novos mercados. A manufatura tomou o seu lugar. Os mestres-artesãos foram suplantados pelo estamento médio industrial; a divisão do trabalho entre as diversas corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro de cada oficina” (O Manifesto Comunista, Burgueses e Proletários).
A prosperidade de Bolduque derivara da introdução de métodos capitalistas. Na Idade Média, todas as atividades do artesanato eram reguladas pelas guildas. Contudo, nessas circunstâncias, os patrões introduziram novos métodos de produção. Os que foram bem sucedidos obtiveram mais lucros que os conservadores mestres de variados ofícios e acumularam grandes fortunas. Os aristocráticos governantes dos Países Baixos aliaram-se à burguesia para repartir os lucros do novo modo capitalista de produção. Mas as guildas resistiram às mudanças que ameaçavam arruiná-los. O conflito entre esses interesses divergentes por vezes chegou perto de uma guerra civil.
Bosch somente foi redescoberto no século 20, tendo sido esquecido por quase três séculos. Isso não foi acidental. As gerações precedentes não podiam entender sua estranha arte. Essa é a arte de um mundo em estado de turbulência, despedaçado por tendências contraditórias – um mundo em que a luz da razão se extinguia e as paixões animalescas ganhavam relevo, um mundo de horror e violência, um pesadelo real. Em síntese: um mundo muito parecido com o nosso.
Um período de transição
Embora afastada do mundo moderno por mais de seiscentos anos, a obra de Bosch parece-nos mais eloquente que grande parte da arte contemporânea. É mais pertinente ao mundo em que vivemos. Sua arte tem uma estranha e fascinante beleza, mas não parece ter lógica. A razão humana é desafiada a cada passo. A realidade está de ponta-cabeça. Somos confrontados com imagens tão inacreditáveis, tão em desacordo com nossa visão normal do mundo, que ficamos tontos. Aqui, a frase de Hegel golpeia-nos com força total: a razão transforma-se em insensatez.
A estranheza é a própria essência da arte de Bosch. É o reflexo de um mundo que perdeu sua unidade, que está fraturado em cada ponto. O terreno sob nossos pés não é mais sólido. O que é sólido torna-se líquido, e vice-versa. As próprias montanhas na parte central de O Jardim das Delícias parecem ter-se transformado em plantas monstruosas que irrompem repentina e anormalmente amadurecidas. Tudo se transforma em seu oposto ou, para citar as notáveis palavras de Heráclito: “Tudo flui; nada permanece”.
Do ponto de vista formal, a obra de Bosch não parece se assemelhar à arte medieval ou à arte do Renascimento. Apesar de que elementos de ambas as artes estejam presentes, a arte de Bosch parece-nos assombrosamente moderna. As imagens são tão surpreendentes, até mesmo chocantes, as justaposições tão contraditórias e inesperadas, que teríamos de recorrer ao mundo do surrealismo para encontrar algo remotamente similar. De fato, a apavorante natureza de suas imagens tem maior impacto que os torsos atormentados e os relógios flácidos de Dali.
A despeito de seu caráter aparentemente anárquico e irracional, essa arte é uma honesta e fiel representação do mundo em que Bosch viveu. É a arte de um período de transição: a época do declínio do feudalismo e da ascensão do capitalismo. Esse foi um período de formidáveis sublevações e mudanças. A ordem feudal estava em situação de declínio irreversível e a burguesia nas cidades encontrava-se em processo de desafiar a velha ordem e exigir seus direitos.
Quando dado sistema socioeconômico está avançando, há um sentimento geral de confiança e otimismo. Ninguém questiona a ordem existente, seus ideais e sua moralidade. Mas então o velho mundo da Idade Média, fundado firmemente na fé religiosa, estava desmoronando. Repentinamente tudo foi lançado no caldeirão. O sistema baseado em crenças religiosas, que existira por mil anos desde a dissolução do Império Romano, encontrava-se em crise. Em seu lugar, uma disposição de ânimo geral para o ceticismo e o cinismo começou a se apoderar da sociedade. A agitação social que prevalecia encontrou seu reflexo na dúvida universal.
Esse é um mundo enlouquecido, um mundo mortalmente doente e que não pode achar remédio para sua enfermidade. O tema que impregna totalmente o painel central do grande tríptico de Bosch, O Jardim das Delícias, é exatamente uma espécie de repulsivo apodrecimento. Peixes gigantescos são óbvios símbolos fálicos. O pecado (muitas vezes associado ao sexo) é retratado por grotescas, imensas e suculentas frutas, particularmente morangos. Seu amadurecimento, sugerindo decomposição interna, causa náuseas.
O final do século XV viu a última batalha da Guerra dos Cem Anos e o primeiro assalto furioso dos turcos. Não é acidental que o Crescente turco seja uma imagem recorrente na pintura de Bosch. As vidas de homens e mulheres estavam constantemente ameaçadas por violência e morte aleatórias. Milhões tinham morrido com a Peste Negra, e guerras e sublevações eram comuns. A desintegração social conduziu a uma epidemia de roubos, pilhagens e à ilegalidade geral.
Cidades como Bolduque estavam cheias de forcas, patíbulos e prisões. Nessa época de violência aleatória e sem sentido, a morte era uma constante e reconhecível companheira. A imagem de seu largo sorriso era vista em todas as igrejas. E no segundo plano de suas telas, a morte está sempre presente – usualmente na forma de esqueletos. O mesmo leitmotiv de Bosch foi adotado por seu único e verdadeiro sucessor, Pieter Brueghel, como em sua tela O Triunfo da Morte.
A desintegração do feudalismo, que se acompanhava de todo tipo de convulsões – guerras, fome e pragas – criou uma grande subclasse de gente empobrecida: camponeses sem terra, mendigos e prostitutas, traficantes e feiticeiros, soldados licenciados e bandoleiros, que cortavam gargantas por alguns centavos. Na Alemanha, muitos dos nobres feudais tornaram-se barões assaltantes que saqueavam os camponeses. Todos esses destroços e refugos sociais encontram reflexo nas telas de Bosch.
A Peste Negra, que dizimou a Europa no século XIV, eliminou pelo menos um terço da população. A ela seguiu-se a fome, que exterminou muitos outros. O que se seguiu foi um mundo de trevas, caos e anarquia. As pessoas acreditavam que as doenças eram causadas por demônios e que a Peste Negra era com certeza um sinal da fúria divina. Para a mentalidade medieval, imersa no mundo do misticismo religioso, dos fantasmas e da superstição, parecia que o final do mundo estava se aproximando. Havia uma crença popular de que isso poderia começar no ano de 1500. O inferno estava logo ali na esquina e, para a maioria da humanidade, não havia nenhuma perspectiva de redenção.
O fim do mundo?
Tornou-se evidente para todos que o velho mundo estava em situação de rápida e irremediável decadência. Homens e mulheres estavam divididos entre tendências contraditórias. Suas crenças foram destruídas e se encontravam à deriva num frio, desumano, hostil e incompreensível mundo. O sentimento de que o fim do mundo está próximo é comum a todos os períodos históricos em que um particular sistema socioeconômico entrou em decadência irreversível. Como escreve Peter S. Beagle:
“A ordem das coisas estava se desmantelando quando nasceu Bosch. A brutal segurança do feudalismo descansara numa compreensão geral de que a ordem das coisas provinha da esfera divina. Deus, o Pai, o Grande Senhor, organizara o mundo em feudos, compartilhando as terras e o poder com seus grandes vassalos, os papas e os imperadores e reis, que os sublocavam por sua vez […]” (P. Beagle, O Jardim das Delícias, p. 14).
Então, subitamente, todas essas certezas vieram abaixo. Era como se a pedra angular do mundo tivesse sido removida. O resultado foi terrivelmente turbulento e incerto. Na metade do século XV, o velho sistema de crenças começou a se desfazer. As pessoas não mais confiavam na Igreja para obter salvação, conforto e consolo. Em vez disso, as dissensões religiosas levantaram-se sob diferentes formas, e serviram de pretexto para a oposição social e política.
Há muitos pontos de similaridade entre o mundo de Bosch e o mundo atual, mas também há um gigantesco abismo entre eles. Em nossos dias, pelo menos no Ocidente, a religião está morrendo naturalmente. Mas no final da Idade Média a religião a tudo impregnava. Era, portanto, natural que a política e a luta de classes se expressassem em termos religiosos. Somente uma coisa poderia tornar a vida um pouco mais suportável para as massas: a esperança de vida após a morte.
Supunha-se que a Santa Madre Igreja ofereceria conforto aos pobres e a esperança de uma vida melhor além deste pecaminoso vale de lágrimas. Mas até mesmo isso estava sendo corrompido e minado, como se vê numa das grandes obras-primas de Bosch. Esse foi um período em que os velhos ideais de pobreza e retidão, que tinham inspirado os primitivos pioneiros de uma vida monástica, já eram coisa de um passado distante. Os príncipes da Igreja rivalizavam e frequentemente sobrepujavam os reis profanos em seu luxuoso estilo de vida e fantástica riqueza.
Era essa a chocante realidade que teria as mais sérias consequências para as pessoas. Porque, se essa vida era tão terrível, o único consolo era agarrar-se à esperança de uma vida melhor no outro mundo. Uma vez destruída essa convicção, apenas o mais sombrio desespero permaneceria. A autoridade da Igreja estava sendo progressivamente posta em questão. Como um sintoma da desintegração e pendente dissolução da velha ordem, homens e mulheres esperavam a salvação fora da Igreja em todo tipo de superstições e movimentos místicos, em muitos dos quais as crenças não ortodoxas mascaravam perigosos e subversivos movimentos sociais.
Foi nesse período que grande número de homens pegou a estrada, descalços e vestidos de andrajos penitentes, flagelando-se até o sangramento. As seitas flagelantes esperavam, ansiosamente, o fim do mundo de uma hora para outra. No final, o que ocorreu não foi o fim do mundo, mas apenas o fim do feudalismo, e o que chegou não foi o novo Milênio, mas somente o sistema capitalista. Mas eles não poderiam então compreender isso.
O período de declínio da sociedade feudal e de ascensão do capitalismo produziu uma efervescência de ideias e crises da fé que se manifestaram na ascensão de correntes de oposição, como os Lollards e John Wycliffe, na Inglaterra, e o Hussitas, na Boêmia. Um mundo à beira de uma revolução social e religiosa. O velho mundo é revelado como putrefato e corrupto até a medula. Está cambaleante, esperando por sua destruição. Não merece sobreviver.
A atmosfera desses quadros é a mesma que inspirou os flagelantes a pegar a estrada. Estão impregnados com o espírito da fatalidade. O espetáculo de seitas flagelantes arrastando seu caminho por cidades e povoados com terríveis clamores de “arrependei-vos!”, interrompidos por gritos e gemidos quando o chicote rasgava-lhes a carne sangrenta das costas, era o sinal dos tempos. Em seu celebrado livro, The Wanning of the Middle Ages (O Declínio da Idade Média), John Huizinga escreve:
“Um sentimento geral de iminente calamidade pairava sobre todos. Perigos contínuos prevaleciam em toda parte […] O sentimento geral de insegurança, causado pelas formas que as contínuas guerras poderiam tomar, pela constante ameaça de classes perigosas, pela desconfiança na justiça, foi posteriormente agravado pela obsessão do então próximo fim do mundo e pelo medo do inferno, dos feiticeiros e dos demônios […] Em todos os lugares as chamas do ódio se elevavam e a injustiça dominava. O diabo cobria a terra com suas sombrias asas”.
A promessa de salvação e de vida eterna existia apenas teoricamente, pois, na realidade, a visão de mundo do período estava envolta em negras sombras. Esse sentimento pessimista reflete-se na poesia daquele tempo, como nos versos do poeta francês Deschamps, que compara o mundo a um homem senil em estado de avançada decrepitude:
“Agora o mundo está covarde, decaído e fraco,
Velho, avarento e gaguejante;
Vejo somente imbecis…
Na verdade, o fim se aproxima…
Tudo vai mal”.
A Carroça de Feno ou O Poder do Dinheiro
Sob o feudalismo o poder econômico se expressava na propriedade da terra. O dinheiro desempenhava papel secundário. Mas a ascensão do comércio e das manufaturas e as incipientes relações de mercado que a acompanharam, fizeram do dinheiro um poder cada vez maior. Mas, ao lado da riqueza extravagante, a vida das massas era miserável, penosa, brutal e curta. A vida dos camponeses sob o feudalismo era áspera ao extremo, mesmo em condições normais. Entretanto, as condições na etapa final do feudalismo estavam longe de ser normais.
A ascensão do capitalismo – em particular nos Países Baixos, onde emergiu mais cedo que em qualquer outro país, exceto a Itália – foi acompanhada por novas atitudes, que gradualmente se solidificaram em nova moralidade e novas crenças religiosas. A Liga Hanseática, que cobria mais de uma centena de cidades comerciais, controlava o comércio da Inglaterra à Rússia. Grandes fortunas estavam sendo feitas. Poderosas famílias de banqueiros, como os Fuggers, erguiam-se e desafiavam o poder dos reis. Um novo poder se erguia, um poder que estava desfazendo o tecido da velha sociedade e corroendo seus valores: o poder do dinheiro.
Um novo espírito estava à porta – um espírito materialista e mercantilista. A própria arte gradualmente tornou-se uma mercadoria. Se o artista obtinha êxito, poderia adquirir riqueza e status. Mas a maioria era de meros artistas proletários ou, no melhor dos casos, artesãos.
Em seu grande tríptico, A Carroça de Feno (c.1485-90; Museu do Prado, Madri), Bosch mostra um mundo governado pela avidez e pela violência: aqui toda a humanidade corre atrás da carroça de feno. Um vagão carregado de feno, como representado na tela de Bosch, seria uma visão familiar às pessoas do século XV, como símbolo de estocagem de alimentos para o inverno e, consequentemente, de prosperidade. Mas aqui o feno simboliza o poder da riqueza e do dinheiro. Isso evoca o velho provérbio holandês: “O mundo é um monte de feno e todos retiram dele como podem”. Toda a humanidade segue em êxtase a carroça de feno, que é dirigida por sete demônios em direção ao abrasador fogo do inferno no lado direito.
O primeiro plano da tela é caótico. Todos lutam para obter um pouco de “feno”. No plano de fundo, um homem corta a garganta de outro por seu ouro. As pessoas estão dispostas a matar ou a ser atropeladas pelo vagão por dinheiro. Mulheres oferecem seus corpos por ele. Magistrados vendem sua honra por ele. À direita, o vagão está sendo empurrado por uma variedade de estranhas e demoníacas criaturas para o submundo. Uma dessas criaturas é uma combinação de homem e peixe, outra é em parte ave, e uma terceira é um homem encapuzado com galhos crescendo em suas costas.
Nas proximidades, podem-se ver pessoas saindo por uma porta de madeira numa colina. A própria carroça de feno é acompanhada por homens e mulheres tentando agarrar punhados de feno; eles lutam e caem sob o carro. No primeiro plano da tela vemos duas freiras enchendo um saco de feno em benefício de um monge flácido, que está representado bebendo calmamente o vinho sacramental enquanto supervisiona o saque de seu rebanho. Não se insinua apenas que a Igreja despoja o povo, mas também se deixa entrever relações sexuais ilícitas entre freiras e monges. Era esta a visão universal que prevalecia naquele tempo – e não sem boas razões. Existiam muitos escândalos atribuídos à Igreja; os fiéis sentiam-se abandonados.
A Igreja Católica estava entre os maiores proprietários de terra daqueles tempos. Monges e padres, embora sob o juramento da caridade e da pobreza, davam mais atenção ao seu próprio conforto material que à vida religiosa. Grande parte da riqueza da Igreja era obtida por meio da venda de indulgências – fragmentos de papel que prometiam ao comprador se livrar do purgatório por um módico pagamento. Hans Dietz, o notório traficante de indulgências, gabava-se de que as almas escapavam do inferno quando as moedas tilintavam em sua bolsa. A atitude de Bosch em relação à Igreja é revelada na presença de freiras e monges participando avidamente na perseguição da carroça de feno.
As únicas figuras no quadro que parecem tranquilas e desinteressadas são os ricos da terra: à esquerda, um imperador, um rei e um papa cavalgam atrás do carro a uma respeitável distância, incongruentemente escoltando um vagão de carga de grama seca. Contudo, seu desinteresse é enganoso. A única razão por não estarem correndo em perseguição à carroça é porque eles já possuem mais “feno” do que necessitam – mas, de fato, eles também são seus fiéis e obedientes escravos, e se movem também inexoravelmente em direção ao Dia do Juízo.
CONCLUI NA PARTE 2.