Protestos em massa envolvendo milhares de pessoas explodiram na Grécia contra a perseguição estatal de um prisioneiro de esquerda, que fez greve de fome para conquistar direitos básicos. Os manifestantes, principalmente jovens, foram recebidos com violenta repressão por parte do Estado. Uma frente única de todas as organizações de esquerda é necessária para lutar contra o governo reacionário e autoritário da Nova Democracia!
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De 5 a 6 de março, a polícia grega, em uma demonstração de violência não provocada, interveio em manifestações de solidariedade ao grevista Dimitris Koufontinas. Koufontinas é um ex-membro dirigente da Organização Revolucionária 17 de novembro (17N), que atuou entre 1975 e 2002 e usou táticas de guerrilha para se opor, entre outras coisas, ao domínio da OTAN e dos EUA na Grécia. Com a dissolução do 17N em 2002, muitos de seus líderes foram forçados a condições de prisão bárbaras e até mesmo ilegais, contra as quais Koufontinas está em greve de fome há mais de 50 dias.
Nos primeiros 16 anos das 11 sentenças de prisão perpétua recebidas por Koufontinas por seu envolvimento com o 17N, ele ficou detido em uma cela solitária subterrânea de uma prisão de alta segurança em Atenas. Nos últimos anos, foi transferido para uma prisão rural, supostamente destinada a permitir mais liberdade a prisioneiros de bom comportamento. Em uma recente reviravolta, no entanto, o Novo Partido Democrata, que se encontra no poder na Grécia, anunciou uma lei, em dezembro, declarando que “terroristas” não podiam mais ser mantidos em prisões rurais. Convenientemente, para esses políticos reacionários, Koufontinas era o único “terrorista” condenado a essa situação, o que significa que a nova lei servia apenas para justificar sua transferência de volta à prisão de alta segurança e à cela apertada durante 15 horas ao dia. Além disso, o governo grego negou sistematicamente a Koufontinas sua licença periódica da prisão, conforme exigido pela lei, o que está produzindo um impacto catastrófico na saúde física e mental do prisioneiro, agora com 63 anos de idade.
Foi contra essa manipulação cínica da lei pelos políticos burgueses, que Koufontinas iniciou sua greve de fome. Por sua vez, o governo da ND decidiu deixar Koufontinas morrer, privando-o dos direitos legalmente garantidos. Dessa forma, procuram mostrar a sua força e demonstrar que serão implacáveis perante qualquer movimento que se volte contra as suas políticas criminosas. Além disso, o governo também está tentando desviar a atenção das massas de sua gestão vergonhosa da pandemia e mobilizar as camadas mais reacionárias e atrasadas da sociedade em seu apoio.
Protestos em massa
Em resposta aos crimes do governo, uma série de manifestações de massa ocorreram, com milhares de pessoas tomando as ruas para mostrar solidariedade a Koufontinas e lutar contra as políticas reacionárias do governo da ND. Apesar da desinformação generalizada e das acusações de violência dos manifestantes na mídia, há um amplo material audiovisual mostrando que a polícia atacou, desnecessariamente, esses manifestantes, durante suas ações recentes com o único objetivo de dispersar o movimento. Durante as manifestações em Atenas de 5 a 6 de março, eles não permitiram que as pessoas marchassem em blocos e perseguiram os manifestantes enquanto lhes disparavam água com canhões e lançavam gás lacrimogêneo e granadas de dissuasão.
Igualmente, apesar da escalada da violência policial, dos riscos da pandemia, das calúnias contínuas da mídia e do fechamento de estações de metrô para evitar a participação, mais de 15.000 pessoas se reuniram espontaneamente para uma manifestação semelhante em 9 de março. Esse protesto também foi marcado pela participação das organizações de massas de esquerda, que foram forçadas a agir pelas massas, superando a falta de vontade de suas lideranças em construir uma frente única de luta contra o governo. Após a manifestação, dezenas de jovens furiosos atacaram grupos de policiais, deixando um gravemente ferido e outros três com ferimentos menores. Algo que deveria ser totalmente inesperado após a orgia de violência policial e dos castigos arbitrários que caracterizaram os dias anteriores, em que os espancamentos não provocados foram comuns. Esses jovens não eram, nem “idiotas”, nem “hooligans”, nem “marginais”, como têm sido descritos pelo governo e pela mídia. Centenas de jovens foram espancados pelos bárbaros agentes da violência estatal, atingidos por gás lacrimogêneo nas marchas, presos desnecessariamente e aterrorizados nas ruas. Tal resposta deve ser antecipada. De fato, não é por acaso que a repressão começou no dia em que a saúde de Koufontinas começou a piorar severamente, pois ele já foi diagnosticado com insuficiência renal aguda. O governo quer usar o terrorismo de estado para encobrir a reação à sua provável morte.
A classe dominante e seu governo ficaram profundamente abalados pela atual resposta massiva e militante do povo. Pela primeira vez, durante seu mandato, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis,qa fez um discurso após uma mobilização de protesto, pedindo aos jovens que tenham “autocontrole e compostura” e “não destruam” nada, porque “a raiva cega não leva a lugar nenhum”. O primeiro-ministro “esqueceu” de mencionar a coisa mais importante, a saber, os próprios eventos que trouxeram os jovens para as ruas, em primeiro lugar. Ele não pronunciou uma única palavra de simpatia pelas vítimas da violência policial em nenhuma das manifestações.
Mitsotakis não conseguiu esconder seu pânico diante da possibilidade de uma revolta em massa da juventude contra seu governo autoritário. É claro que a raiva dos jovens não é de todo cega. Eles se mobilizaram em massa contra um inimigo político muito específico: o governo e seu autoritarismo.
Por uma frente única!
Dessa forma, as massas deram um primeiro passo importante. Os trabalhadores, liderados pela juventude, depois de cinco anos de relativa inatividade – e apesar das mais difíceis condições objetivas possíveis – mostraram-se dispostos a voltar em massa às ruas e, em geral, à vanguarda das lutas de classe e políticas. A violência governamental injusta e generalizada encontrou uma resposta militante. Agora as massas devem se unir e continuar a lutar, até que o governo autoritário do capital seja removido!
Nossa solidariedade com Koufontinas não é apenas solidariedade para com um prisioneiro que está tendo seus direitos negados. É, acima de tudo, solidariedade com um ativista anticapitalista, que agora está sendo convertido em um exemplo pelo Estado e pelo governo burguês. Como marxistas, é um fato que discordamos politicamente dos métodos ineficazes e, em última análise, inúteis de terrorismo individual usados pelo 17N. Como revolucionários, opostos ao genuíno terrorismo de massa do Estado burguês, no entanto, somos solidários com qualquer adversário deste sistema, mesmo que não concordemos com os meios de luta que ele escolheu. A luta que Koufontinas trava hoje contra o governo e o Estado burguês é heroica, e suas reivindicações devem ser apoiadas por todos os militantes do movimento operário e da juventude.
Em última análise, o que é necessário é uma frente única de todas as organizações políticas e sindicais de massas dos trabalhadores e da juventude, fundada no mandato prático e militante que as massas estão atualmente apresentando.
Precisamos de uma organização revolucionária, fundada em ideias que possam pôr um fim definitivo ao autoritarismo policial e ao sistema a que serve!
- KKE, SYRIZA, MERA25, sindicatos, organizações de massa de jovens e associações estudantis devem se coordenar e pedir uma resposta em massa!
- Por uma frente única de luta de massas pela defesa das liberdades democráticas básicas!
- Solidariedade com a greve de fome de Dimitris Koufontinas! Pela libertação imediata de todos os presos durante as manifestações de solidariedade!
- Abaixo o governo do Estado e o terrorismo policial!
- Pela satisfação imediata das justas demandas do grevista Dimitris Koufontinas!
- Solidariedade em sua batalha heroica contra a tentativa do governo estadual de exterminá-lo!
- Abaixo o governo do autoritarismo e do terror em massa contra o povo!