Boris Johnson é o novo líder do Partido Tory (Conservador) e o mais recente primeiro ministro britânico. O Partido Trabalhista deve mobilizar os trabalhadores e a juventude para forçar eleições gerais e fazer com que a permanência de Boris no “número 10” (residência da Rua Downing do primeiro ministro e sede das reuniões governamentais) seja curta.
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Johnson tem a agradecer as filas reacionárias do Partido Tory pela sua nova posição. Dois terços desta turba forte de 160.000 votaram para que Boris sucedesse a infeliz Theresa May como líder do Partido Conservador – e assim, também como primeiro ministro. Pesquisas recentes demonstram que esta brigada de “pega pra capar” só tem uma coisa em mente: o Brexit – e eles não vão parar enquanto não conseguirem isto.
É para esta base intolerante que Johnson está agora apelando, com sua promessa de liderar o Reino Unido para fora da União Europeia em 31 de outubro. Isso levou o grande mercado em um pânico histérico, com o prospecto de um desastroso Brexit sem negociações a espreita.
Assim as infindáveis tentativas do establishment de domar Boris e promover figuras mais “sensíveis” e razoáveis no Partido Conservador. Mas estas pessoas “sensíveis” não estão mais no poder. Os bobos da corte se apoderaram da corte – como deverá em breve se tornar evidente quando Johnson indicar seu gabinete de apoiadores do Brexit desesperados.
Não apenas um palhaço
No entanto Boris Johnson não é um mero palhaço. Seu programa racista e reacionário é claro em vistas não só da sua carreira política, mas também das suas companhias. Veja, por exemplo, as mensagens de parabéns enviadas por Donald Trump, em resposta ao anúncio da vitória da liderança Tory por Boris.
Johnson e Trump são farinha do mesmo saco quando se fala de incentivo e apoio a guerras, corte de impostos para os super-ricos e ataques à classe trabalhadora e aos imigrantes. Apesar das promessas de unir o país, não há dúvidas de que o programa de Boris será um que criará mais divisões, com o novo primeiro ministro, os chefes e os bancários, e os intolerantes e xenófobos de um lado, e a classe trabalhadora, a juventude e os pobres e oprimidos do outro.
A vitória de Boris é uma grande preocupação para a classe dominante. Ela significa a sua perda de controle sobre o Partido Tory – os defensores históricos dos interesses do capitalismo. Mas agora seu principal representante político é um homem que responde às preocupações do grande mercado sobre o Brexit dizendo: “f*da-se o mercado”.
O que realmente assusta os corações dos capitalistas, no entanto, não é a visão do primeiro ministro Johnson, mas a possibilidade de ver um primeiro ministro Corbyn num futuro não tão distante.
Assim, de um lado, o seu desejo de evitar eleições gerais; e, do outro, a infindável campanha confusa antissemita sendo conduzida pelos “blairistas” – os agentes do grande mercado dentro do Partido Trabalhista parlamentar.
Infelizmente para a classe dominante, não são mais eles que ditam as regras. Frente a uma paralisação no Parlamento, Boris pode se ver forçado a chamar uma eleição de emergência em uma tentativa de quebrar seu beco sem saída.
Enquanto isso, o novo líder Tory, por ser tão odiado pelos seus colegas “eurófilos”, estes renegados que sobraram estão pensando até mesmo em se desligar a força deste governo e apoiar um voto de desconfiança. Aí então se abririam as portas do inferno.
A ala de direita do Partido Trabalhista, enquanto isso, pode sabotar e difamar Corbyn tanto quanto queiram. Mas a sua própria posição dentro do partido é extremamente frágil; muitos destes gânguesters carreiristas estão frente a ameaça de perda da reeleição através do processo de “voto secreto de gatilho” que estará se formando nas próximas semanas.
Membros do trabalhismo “de raíz” devem aproveitar a oportunidade de chutar os blairistas pra fora. Se não nos livramos destes cavalos de Tróia já, então – e aí vem o sinal do establishment – eles irão lançar um ataque desesperado para sabotar e anular as chances de do trabalhismo nas próximas eleições; ou, pior, de destituir um governo Corbyn uma vez que este tome o poder.
Fora Tories! Corbyn pra dentro!
De volta a Boris: não podemos permitir que o mais recente primeiro ministro Tory do Reino Unido tenha um minuto de descanso. Já nesta tarde, milhares de pessoas estão mobilizadas para tomar as ruas de Londres para ecoar as próprias palavras de Johnson de volta pra ele: “f*oda-se Boris!”.
E logo mais, outros milhares irão se reunir fora do Parlamento em uma demonstração organizada pelo Partido Trabalhista para exigir eleições gerais. Esta é a exigência correta. Mas a questão vital é: como? Como pode-se realizar eleições gerais agora?
Como esboçado acima, eleições gerais não serão garantidas de forma gentil por Boris e os Tories. Pra começar, como muitos de seus companheiros membros do Parlamento, Johnson morre de medo de perder a sua própria cadeira na Casa dos Comuns.
O membro do Parlamento de Uxbridge e South Ruislip tem uma precária maioria de 5.000 na sua vaga – uma que os ativistas locais do Partido Trabalhista têm em vista, como visto na campanha entusiasmada “Tire Boris de sua Cadeira” no último fim de semana. É inteiramente possível, então, que Johnson poderá se tornar o primeiro primeiro ministro a ser expulso para fora do Parlamento.
A energia e a mobilização vistas em Uxbridge devem agora ser replicadas pelo país. O Trabalhismo não deve apenas exigir eleições gerais, mas forçar uma pela organização de uma campanha massiva de demonstrações, manifestações e campanhas porta-a-porta em cidades pela Grã-Bretanha.
Os sindicatos devem jogar todo o seu peso sobre esta campanha, organizando ondas de greves e ações diretas coordenadas entre seus membros – muitos dos quais já estão engajados em uma luta contra o governo Tory sobre os salários, pensões e serviços públicos.
Nesta base, com a mobilização das massas e ações através do movimento dos trabalhadores, o governo superficial, instável e frágil de Boris não deverá durar duas semanas.
A possibilidade de remover Boris Johnson, no entanto, não é suficiente para criar um movimento de massas por si só. Para unir e ativar os trabalhadores e a juventude em massa, o trabalhismo deverá também oferecer uma alternativa clara e positiva aos ataques e à austeridade do Tory. Isso significa mobilizar ativistas e eleitores em torno de um programa socialista corajoso e da promessa de um governo socialista do trabalhismo.