Boa viagem. Esse será o sentimento entre os membros de base do Partido Trabalhista com relação às notícias de que um grupo de sete blairistas está abandonando o partido. O prazer de vê-los partir se misturará à imensa raiva com relação ao papel traiçoeiro que esses direitistas desempenharam nos anos recentes. A tarefa agora é expulsar o restante dos sabotadores que permanecem à vontade dentro do Partido Trabalhista Parlamentar (PLP). É por essa razão que necessitamos de uma reeleição obrigatória de mandatos.
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O anúncio da dissidência não surpreendeu ninguém. Os nomes dos que escolheram sair se assemelham a uma lista Who’s Who dos mais ferozes críticos de Corbyn – uma verdadeira galeria de carreiristas e de representantes políticos das grandes empresas. O que surpreende não é que esses bandidos tenham saído do partido, mas a grande demora em se livrar deles!
Agentes das grandes empresas
As razões da renúncia dadas pelos sete – Chuka Umunna, Luciana Berger, Chris Leslie, Angela Smith, Mike Gapes, Gavin Shuker e Ann Coffey – variam individualmente.
Para os mais proeminentes Remainers [defensores da Permanência do Reino Unido na União Europeia – NDT], como Umunna, o fator principal foi o Brexit e a recusa do Partido Trabalhista em apoiar um segundo referendo. Para outros, como Berger, foi o suposto “antissemitismo institucional” do partido. No caso de Gapes, que apoia a tentativa de golpe em curso na Venezuela, as questões de política externa aparentemente foram a última gota d’água.
Mas todos podem ver que essas diferenças individuais são apenas uma aproximação para um antagonismo muito mais amplo: entre a grande empresa e a agenda imperialista que esses direitistas servem, e os interesses dos membros do Partido Trabalhista e das comunidades da classe trabalhadora que eles supostamente representam.
De fato, Chris Leslie abriu o jogo quando citou a “hostilidade às empresas” como um fator de sua decisão de abandonar o partido. Sem dúvida, seus amigos “independentes” compartilham do mesmo ponto de vista.
Mas isso apenas demonstra que eles estão longe de ser “independentes”. Na realidade, eles são uma tendência capitalista que esteve operando de forma organizada durante muitos anos defendendo os interesses de seus amigos do establishment na City de Londres.
Desde que Corbyn se tornou o líder do Partido Trabalhista, inspirando centenas de milhares de novos membros a se juntar ao partido, os blairistas acusaram histericamente os esquerdistas de serem desleais e de conduzirem o “entrismo”. Mas agora ficou evidente quem era os verdadeiros “entristas”.
Apesar de serem parlamentares trabalhistas, esses direitistas respaldaram consistentemente o governo Tory ao apoiar a austeridade e a guerra. Nos últimos meses, saltaram abertamente a barreira, trabalhando de mãos dadas com os parlamentares Conservadores para fazer campanha por um chamado “Voto Popular”. Em vez de fazer campanha para levar o Partido Trabalhista ao poder, eles se aproveitaram de cada oportunidade para pressionar pelo acesso ao Mercado Único a fim de proteger os lucros dos banqueiros e dos patrões.
O racha
As reações a essas últimas notícias refletiram a polarização que existe dentro do partido entre as fileiras e o PLP dominado pela direita.
A mídia social foi imediatamente invadida por celebrações entre os ativistas de base, muito felizes em finalmente verem as costas desses blairistas. Mas trabalhistas proeminentes criticaram essa exuberância, com o vice-líder e maquiavélico direitista Tom Watson condenando a esquerda por seu “tom de triunfo”.
Notavelmente, com os rumores de uma divisão circulando, Watson e outros direitistas proeminentes do PLP gastaram a última semana pedindo aos colegas para ficar. O arqui-blairista Stephen Kinnock estava entre aqueles da direita do partido chamando seus amigos para “ficar e lutar”.
Com relação a isto, não foi apenas o Partido Trabalhista que se dividiu, mas os próprios blairistas. Watson e Kinnock sem dúvida representam a opinião dominante entre a classe dominante, que gostaria de representantes confiáveis no PLP, prontos para sabotar um governo Trabalhista de esquerda a partir de dentro e no momento certo.
O fato de que dezenas de outros estridentes direitistas – tais como Hilary Benn, Liz Kendall, Margaret Hodge e outros – terem ficado no partido é prova dessa estratégia. De fato, Watson deixou a máscara escorregar quando revelou em uma declaração em vídeo que acreditava que essa mini-divisão era “prematura”.
Mas o Brexit agiu como catalizador, agudizando as divisões no partido e acelerando os processos já existentes. De fato, outros estridentes oponentes de Corbyn, tais como Frank Field e John Woodcock, já haviam renunciado ao chicote trabalhista e também estão alinhados como “independentes”. Sem dúvida, o restante dos blairistas acabará se separando também, mas somente no momento em que puderem infligir o máximo dano a um governo trabalhista liderado por Corbyn.
Pulando para fora antes do empurrão
Em muitos aspectos, esses direitistas escolheram pular fora antes de serem empurrados. Dos sete, vários (incluindo Leslie, Shuker e Smith) já estavam recebendo votos de desconfiança de seus próprios distritos eleitorais trabalhistas.
Berger deveria ser a próxima na fila, com os membros de seu distrito eleitoral de Liverpool Wavertree só retirando uma moção de desconfiança no último minuto devido à pressão do QG trabalhista. E mesmo Umunna perdeu votos importantes em seu distrito eleitoral de Streatham recentemente, o que terá agido como um prenúncio de problemas futuros para o parlamentar agora “independente”.
Ironicamente, esses parlamentares que exigiam um “Voto Popular” sobre o Brexit estão agora se recusando a deixar que o povo decida seus próprios destinos. Em vez de convocar eleições parciais antecipadas para ver se os eleitores realmente apoiam seu programa pró-capitalista, eles preferem continuar suas carreiras em seus atuais distritos eleitorais a disputar cadeiras marginalmente na próxima eleição geral.
Umunna e seus comparsas declararam que não procurarão imitar seus predecessores do SDP, que racharam em 1981 antes de finalmente se alinhar com os Liberais para formar os Liberais Democratas.
As ações da “Gang dos Quatro”, então, foram uma tragédia – não porque esses direitistas haviam saído do partido, mas porque seus comportamentos traiçoeiros dividiram o voto trabalhista, permitindo que Thatcher e os Tories ganhassem a eleição de 1983. Agora, a história está se repetindo – dessa vez como uma farsa.
A nova Gang, a “Gang dos Sete”, procurará sem dúvida prejudicar as perspectivas eleitorais do Partido Trabalhista, seja como “independentes” ou como parte de um novo partido do “centro”, reunindo os Lib Dems e os Tories que defendem a Permanência na União Europeia. Mas a base social para um partido tão “central” é extremamente fraca, como o demonstra o pobre desempenho dos Lib Dems nas pesquisas de opinião recentes.
Diante da escolha entre mais cinco anos de um governo Tory em crise e a perspectiva de se eleger o governo trabalhista mais à esquerda da história, quem vai escolher a terceira opção dos Liberais? A probabilidade, portanto, é que esses blairistas rachadores, depois de algum alarde inicial da imprensa do establishment, rapidamente se esgotem.
Expulsem os carreiristas!
Em todo caso, ao tentarem evitar a reeleição de seus mandatos, esses parlamentares de direita podem muito bem terminar aumentando os apelos para a reeleição dos mandatos de seus ex-colegas. Os membros de base do Partido Trabalhista vão se sentir justificados em suas acusações de traição contra esses canalhas e certamente exigirão que os traidores remanescentes sejam expulsos e substituídos antes de qualquer nova eleição geral.
Esses acontecimentos recentes, portanto, confirmam o que já era evidente para todos: que o PLP está infectado do câncer carreirista que matará nosso partido se não o extirparmos. E, acima de tudo, destacam a necessidade urgente de uma reeleição obrigatória.
Devemos nos organizar para nos livrar desses parlamentares Blairistas que ainda permanecem no partido. Em vez de sabotadores, necessitamos de verdadeiros representantes da classe trabalhadora – de parlamentares dos trabalhadores com salários de trabalhadores – que lutarão para expulsar os Tories e elevar ao poder um governo Trabalhista socialista.
Modelo emergencial de resolução para a reeleição obrigatória
Esse ramo do Partido Trabalhista observa as ações traiçoeiras de Chuka Umunna, Angela Smith, Chris Leslie, Ann Coffey, Mike Gapes, Gavin Shuker e Luciana Berger ao se separarem do Partido Trabalhista. Em uma explosão de publicidade, esses tories disfarçados seguiram os infames passos de Frank Field e John Woodcock.
Fizeram isto no momento em que o Partido Trabalhista está avançando a causa da classe trabalhadora sob a liderança de Jeremy Corbyn.
Suas ações estão destinadas a infligir o máximo dano ao Partido Trabalhista, da mesma forma que o SPD, nos anos 1980, e Ramsay MacDonald e comparsas, em 1931.
Esses carreiristas das grandes empresas utilizaram o Partido Trabalhista para os seus próprios fins pessoais. Mas seus interesses ficaram sob ameaça com a vitória de Jeremy Corbyn. Foi por essa razão que se utilizaram de todos os meios para minar e atacar o líder trabalhista democraticamente eleito juntando-se aos seus amigos tories na imprensa e na mídia.
Devemos advertir que existem outras forças anti-Corbyn no PLP da mesma espécie – outros carreiristas individuais que, quando o momento chegar, também abandonarão o barco.
Portanto, dada a sabotagem, pedimos à NEC para introduzir imediatamente a reeleição obrigatória de todos os parlamentares trabalhistas, permitindo que os membros do Partido Trabalhista tenham uma opinião real sobre quem deve representá-los no Parlamento.
Além disso, em vez de se beneficiarem dos salários parlamentares inflados, acreditamos que os parlamentares trabalhistas deveriam ter o salário médio dos trabalhadores qualificados. Deputados trabalhistas devem ser “deputados dos trabalhadores com salários de trabalhadores”. O excesso acima disso deve ser pago ao fundo de campanha do Partido Trabalhista, em benefício do Partido Trabalhista. Essa medida ajudaria a extirpar o câncer do carreirismo e garantiria que tenhamos genuínos combatentes de classe como parlamentares trabalhistas.