O Comitê Central (CC) da Esquerda Marxista (EM) reuniu-se no dia 18 de abril de 2020. Esta foi a segunda reunião da direção da organização após o início da pandemia (ver aqui a resolução do CC de 22 de março). Esta reunião discutiu os desenvolvimentos desta situação política inédita que estamos atravessando e as tarefas de construção da organização revolucionária reafirmando os princípios do bolchevismo.
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O texto que segue é a resolução política da reunião que atualiza o Informe apresentado pelo CC ao 7º Congresso da EM, em 15 de fevereiro. Convidamos todos a ler o documento e, mais que isso, a juntarem-se aos comitês de ação “Fora Bolsonaro”, que estamos impulsionando em diferentes regiões, e que preparam a próxima etapa de combate quando as massas ganharem as ruas.
A onda revolucionária que percorria o mundo em 2019 foi momentaneamente interrompida, represada, pela emergência da pandemia. Mas, se a vida já era insuportável para as massas antes, com o aceleramento e aprofundamento da crise e da tragédia do corona vírus a raiva contra um sistema, já desacreditado, vai se aprofundar e o ódio de classe vai subir à alturas poucas vezes atingida.
Se, hoje, a tarefa principal é defender cada conquista, cada reivindicação, cada centímetro de terreno, superados os primeiros momentos após a pandemia os trabalhadores terão que lutar para reconquistar o que os capitalistas lhes estão retirando hoje. A burguesia e seus serviçais estão utilizando inclusive a horrorosa crise atual para tentar lançar a classe trabalhadora de volta ao século 19. As massas serão forçadas a lutar pela sua sobrevivência contra uma classe exploradora cada vez mais rica, cada vez mais cínica e hipócrita, que demonstra todos os dias sua total indiferença com a vida ou a morte de bilhões de explorados e oprimidos.
Nos próximos anos viveremos uma situação extraordinariamente convulsiva, como nunca se viu antes na história. Será um período em que revolução e contrarrevolução se enfrentarão cotidianamente e a classe trabalhadora e todas suas organizações serão postos a prova. Aqueles que pretendem falar em nome da classe trabalhadora terão que provar estar à altura da tarefa, do desafio, para sobreviver como organização e realizar seus objetivos ajudando a classe trabalhadora a derrotar a classe que faz o planeta e a humanidade chorarem sangue todos os dias.
É preciso agir desde já para defender a vida da classe trabalhadora e enterrar o principal responsável por esta tragédia que atravessa o mundo, o sistema capitalista. E isso ressalta a necessidade, como nunca antes, da construção de uma verdadeira Internacional dos Trabalhadores, tarefa de que participa a CMI e sua seção brasileira, a Esquerda Marxista, como uma corrente legítima do movimento operário internacional.
Agitar, propagandear, organizar!
Comissão Executiva da Esquerda Marxista
Uma nova situação mundial
Se no informe político aprovado pelo Comitê Central em fevereiro, ainda antes do advento da Pandemia do novo coronavírus, já estava correto afirmar que a crise econômica mundial levava a uma instabilidade social sem precedentes no mundo, hoje, apenas pouco mais de um mês desde que a OMS caracterizou a epidemia como “pandemia” (11/3/20), podemos dizer que a crise se acelera e se aprofunda de maneira inédita. E essa velocidade e profundidade levam a um salto de qualidade: o mundo não é e não será mais o mesmo.
A incapacidade do sistema capitalista de lançar mão das forças produtivas que a humanidade acumulou se revela de maneira dramática aos olhos de todos. A continuidade da existência da propriedade privada dos meios de produção e dos Estados nacionais impede de salvar vidas e acarreta sofrimentos horrorosos para as classes exploradas e oprimidas em escala planetária.
A imprensa burguesa notícia que na África Central, os países dispõem de 3 respiradores em média para cada 5 milhões de habitantes. Sobre a base de uma economia planificada mundialmente isso jamais ocorreria. E caso acidentalmente ocorresse, poderia ser rapidamente remediado com uma simples realocação de recursos. Somente a planificação da economia sobre a base da propriedade social dos meios de produção coletivamente controlada seria capaz de readequar a produção e a distribuição de maneira ágil a ponto de lidar de maneira eficaz com problemas de tal envergadura.
Em todos os países, os governos devem ser responsabilizados diretamente pelo caos e a tragédia. Nos EUA, cuja economia é a reguladora da economia mundial, onde o sistema da propriedade privada dos meios de produção foi cantado em glória e versos, a epidemia cobra seu preço em sangue. O número de mortes nos EUA, hoje, já é a metade do número de americanos mortos em toda a guerra do Vietnã. A responsabilidade de Trump nisso é inegável, como a de Boris Johnson no Reino Unido ou Giuseppe Conte na Itália, assim como a de Bolsonaro no Brasil.
Em todos os países, provavelmente muito pior nos países dominados, o resultado desta pandemia será uma tragédia sem precedentes. Uma tragédia em vidas e em desemprego e sofrimento. Mas, diferente de uma guerra mundial, esta pandemia não destrói cidades e indústrias. Por isso, além da inexistência de um país capaz de reconstruir a Europa, como foi o caso dos EUA depois da 2ª Guerra Mundial, está descartada a hipótese de um pujante boom econômico através de um novo plano Marshall. Ela ataca diretamente e ameaça destruir apenas a principal força produtiva da humanidade – a classe trabalhadora – deixando intactos as instalações fabris e os meios de circulação. A preservação do Capital Constante é assim a preocupação central dos capitalistas que não hesitam em demitir, cortar salários, direitos e conquistas de dois séculos de luta da classe trabalhadora.
Ao final, com um custo imenso para a classe trabalhadora, os ricos estarão prontos para “reiniciar” os negócios contratando trabalhadores miserabilizados, permitindo assim um restabelecimento da taxa de lucro e do próprio lucro. A pequena burguesia e os pequenos e médios empresários sairão desta situação falidos ou proletarizados. A concentração de capital conhecerá uma aceleração brutal.
É contra essa perspectiva que a Esquerda Marxista e a CMI lutam. A tarefa dos revolucionários é denunciar incessantemente esta tragédia como fruto da sociedade capitalista e seus governos, educar e ajudar a organizar e mobilizar os trabalhadores em todo o mundo para varrer este sistema. Cada conquista, cada direito, cada centímetro de terreno já conquistado pela classe trabalhadora tem que ser defendido com todas as forças pela Esquerda Marxista. E cada batalha perdida apenas deve incrementar a lista das coisas a reconquistar. Mas, em cada batalha, é dever dos marxistas colocar a perspectiva da resolução definitiva deste mar de tragédias – a necessidade da organização revolucionária e da revolução socialista. Essa é a verdadeira luta por uma verdadeira Internacional dos Trabalhadores, que nunca foi tão urgente e tão claramente percebida. Esta é a tarefa da CMI e sua seção brasileira, a Esquerda Marxista.
Depressão econômica
A perspectiva para os próximos meses é de depressão econômica mundial e destruição de milhões de postos de trabalho.
A OMC projeta queda de até 32% do comércio mundial para o ano de 2020. Isso significa um terço menos de circulação de mercadorias em relação ao ano anterior. E, ao passo em que as medidas de isolamento tenham que ser postergadas para além do previsto inicialmente, essas projeções podem ser ainda revistas para pior.
O FMI projeta uma retração de 3% do PIB mundial para este ano. Há apenas 6 meses, no final de 2019, o FMI previa um crescimento de 3,4% do PIB mundial para 2020. E, da mesma maneira, com a extensão das medidas de isolamento por mais meses, essa estimativa também pode ser revista para pior até o final do ano.
Para os EUA, o FMI prevê retração de 5,9% do PIB. Na zona do Euro a previsão é de -7,5%. Para a América Latina, o Banco Mundial prevê cenário parecido: -5% do PIB para o Brasil, -6% para o México, -5,2% para a Argentina.
Esses números (que ainda podem piorar muito) indicam que haverá fechamento massivo de empresas e uma pressão enorme dos capitalistas para que os Estados os socorram. Isso já está acontecendo. E levará a um endividamento ainda maior dos Estados nacionais. As empresas menores serão as primeiras a quebrar e o resultado deste processo será uma concentração de capital ainda maior, como nunca antes vivida pela humanidade.
O desemprego tende a atingir níveis históricos. Nos EUA passou rapidamente de 3% (fevereiro) para 10% (março) segundo dados oficiais. A JPMorgan prevê que chegue a 20% no final de abril! No Brasil, o nível oficial de desemprego que já estava em subestimados 13% antes da pandemia, agora ameaça atingir níveis explosivos. Para e tentar evitar uma situação social absolutamente caótica, o governo Bolsonaro editou a MP 927 que permite a redução de salários em até 70% com o governo complementando com 70% do seguro-desemprego. Em apenas duas semanas de vigência, os dados oficiais apontam que mais de 1 milhão de trabalhadores formais tiveram seus salários reduzidos. Segundo as contas do próprio governo, a redução de salários pode atingir até 24,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada (de um total de 33,6 milhões).
Se somarmos os mais de 40 milhões de trabalhadores informais, autônomos, etc. (para os quais o auxílio de R$ 600 mensais é só um paliativo), isto significa que praticamente toda a classe trabalhadora brasileira verá sua renda mensal imediatamente afetada de maneira direta. Uma enorme pressão recairá sobre o serviço público para que os servidores tenham também seus salários reduzidos e para que se torne possível demiti-los.
Partidos, sindicatos e luta de classes no próximo período
Se para mais da metade da população mundial o capitalismo já era visto como prejudicial à humanidade antes da pandemia, agora o aprofundamento da crise desnuda o sistema. O papel da burguesia como classe dominante está em xeque como nunca antes. Isso tem um impacto importante na consciência das atuais gerações da classe trabalhadora em todo o mundo.
O desenvolvimento do cenário internacional convulsivo de 2019 com “agitação civil” e “deterioração da estabilidade” em 47 países foi interrompido pela emergência sanitária mundial, mas apenas para retornar com força explosiva quando as condições permitirem que haja luta de classes aberta nas ruas.
Mas, atenção! Isso não quer dizer que ocorram grandes movimentos políticos do proletariado como classe assim que termine a quarentena social. O mais provável é que nos primeiros momentos após um relativo retorno à “normalidade”, atordoado pelo sofrimento que lhe foi imposto, o proletariado buscará respirar e agarrar-se a qualquer tábua de salvação. Os trabalhadores tenderão a buscar condições materiais melhores, emprego, renda. O mais provável é que será necessário um certo tempo para a poeira baixar e permitir que os trabalhadores se olhem nos olhos uns dos outros e possam dar as mãos para se lançar em grandes combates políticos. E contra isso encontrarão a barreira de sempre no combate ao capital e seus governos: principalmente os dirigentes do PT, da CUT e dos sindicatos. Mas, lá estarão também os dirigentes do PSOL que desenvolvem a linha política de “defesa da democracia”, ou seja, de defesa das instituições burguesas apodrecidas.
No próximo período imediato é bastante provável que haja explosões espontâneas e semi-espontâneas por questões de sobrevivência imediata, como saques a supermercados, farmácias, lojas, etc. E também em defesa da própria vida como já vimos por parte de trabalhadores italianos em greve lutando pelo direito de realizar o isolamento social, ou mesmo em alguns setores do Brasil, como as manifestações dos trabalhadores de call centers em São Paulo.
A paralisia das centrais sindicais combinada com a capitulação das direções políticas da esquerda em direção à Unidade Nacional com a burguesia bloqueiam hoje o desenvolvimento de um movimento político capaz de paralisar todos os setores não essenciais e exigir as medidas necessárias para defender a vida, os salários, os direitos e as conquistas que estão sendo profundamente atacados pelos governos federal, estaduais e municipais e pelo patronato. Enquanto os dirigentes de esquerda apagam a linha de classe e embelezam até mesmo parte da escória bolsonarista, como se viu com Freixo defendendo Mandetta e Lula acenando para Dória, a maioria dos dirigentes sindicais se dedica a assinar acordos com os patrões cortando salários dos trabalhadores.
A produção fabril não essencial no Brasil segue a todo vapor e não se vê nenhuma iniciativa da CUT e das outras centrais, qualquer orientação de classe, para exigir suspensão das atividades não essenciais. Os principais sindicatos operários do Brasil não apresentam qualquer iniciativa real.
E isto envolve todos os setores sindicais, dos metalúrgicos do ABC (PT) aos metalúrgicos de São José dos Campos (PSTU).
Segundo o lulista presidente da CUT, Sergio Nobre, a tarefa atual é “se concentrar nas próximas três semanas, que especialistas apontam como “pico” da pandemia do coronavírus, proporcionando segurança para que as famílias possam ficar em casa, garantindo empregos e fazendo o maior número possível de acordos que preservem a renda do trabalho”. fazer “o maior número possível de acordos que preservem a renda do trabalho”, (Página da CUT).
Em São José dos Campos, o PSTU se manifesta contra a redução salarial, mas não toma nenhuma medida, não faz absolutamente nada para organizar a luta contra os cortes, apenas organiza assembleias virtuais e põe a proposta patronal em votação: “Os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos aprovaram a proposta de acordo para suspensão de contratos de trabalho com redução de salários, neste período de crise do coronavírus. A votação foi feita por meio de assembleia virtual…
“Este, certamente, não é o melhor acordo, mas estamos num cenário em que os patrões saíram fortalecidos por conta da MP do governo Bolsonaro. O Sindicato defende a adoção de licença remunerada para todos, sem redução de salário, mas quem decide é o trabalhador”, afirma o vice-presidente do Sindicato, Renato Almeida”. (Fonte Sindicato Metalúrgicos de SJC). E assinam um acordo de redução salarial atrás do outro.
O que ambos têm em comum é formalmente estar contra, não fazer absolutamente nada para mobilizar para derrotar as propostas patronais e deixar que sejam aprovadas por trabalhadores que encurralados não tem outra saída.
A “Frente Brasil Popular” e a “Frente Povo Sem Medo” lançam uma campanha para “taxar as grandes fortunas” como se o problema fosse uma reorganização tributária e não a necessidade de remover este governo e acabar com o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção.
Com o bloqueio dessas direções, o proletariado não tem quase nenhuma possibilidade de lutar neste momento.
Quando a classe trabalhadora puder voltar a se expressar como classe novamente, ela vai contabilizar o quanto perdeu e como os patrões se safaram através de demissões, cortes salariais e montanhas de dinheiro público. A situação atual vai levar a uma radical modificação na consciência das massas e quando ela puder se expressar terá que lutar para reconquistar tudo o que está perdendo. Haverá no interior da classe e dos sindicatos uma enorme pressão da base para se defender e reconquistar.
Essa situação vai se expressar em greves e manifestações no interior das quais vão surgir novos ativistas sindicais e novas direções representando essas lutas e suas reivindicações. O movimento operário brasileiro entrará em uma nova fase de transformação, onde as velhas direções burocráticas e passadas para o lado do capital serão severamente questionadas e se chocarão com a classe de diferentes formas.
Quanto mais crise, mais os reformistas vão à direita
A situação do governo Bolsonaro e a crise das instituições continuam se aprofundando ainda mais nesta situação de crise. O choque entre o presidente e seu próprio ministro da saúde, entre o presidente e governadores e prefeitos, é um quadro surreal num mundo “normal” e mostra uma crise profunda e uma total incapacidade das classes dominantes em resolver a situação. O governo sobrevive só porque não há nenhuma oposição real.
Pesquisa do Datafolha mostra que até mesmo dentre os que votaram em Bolsonaro, 17% estão arrependidos (10 milhões de pessoas). Em pesquisa recente da XP/Ipespe 42% dos entrevistados considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. No momento em que a consigna “Fora Bolsonaro” é assumida pelas amplas massas de todo o país, Lula e a direção do PT se apresentam para sustentar a continuidade do governo. Após terem combatido publicamente a palavra de ordem lançada pela Esquerda Marxista, agora lançam um manifesto (com PCdoB, PSOL, PDT e PSB) que “aconselha” Bolsonaro a renunciar. Em seguida, decidem que não adotam a consigna “Fora Bolsonaro”. O PSOL, apesar de tardia e formalmente adotar o “Fora Bolsonaro”, restringe sua ação política à via institucional com um pedido de Impeachment no Congresso que foi “forçado” pelos parlamentares do MES, contra a direção majoritária do partido.
Os trabalhadores e a juventude não podem se apoiar no PT e no PSOL para levar a cabo uma luta consequente contra o governo Bolsonaro e compreenderão cada vez mais que as burocracias que dirigem esses partidos são um obstáculo para esta luta. E com o desenvolvimento desta consciência, trabalhamos para que nos encontrem.
Defender a organização e desenvolver nosso trabalho
Nossa orientação anterior à pandemia segue vigente: priorizar a juventude e construir os Comitês de Ação “Fora Bolsonaro”, qualquer que seja o nome que adotem. Entretanto, a forma com que isso deve ser aplicado foi modificada pela situação objetiva. Agora, isso deve ser feito principalmente através de um trabalho virtual de agitação e propaganda. Devemos ter claro que isso pode se prolongar por muito mais tempo do que se podia prever inicialmente. Devemos nos preparar para um longo período de trabalho fundamentalmente virtual. Isso exige de todos os militantes uma dedicação maior à produção e divulgação de conteúdos virtuais (textos, vídeos, podcasts, etc.). A formação teórica dos militantes também deve ser intensificada e acompanhada de maneira disciplinada pelos Comitês Regionais da Esquerda Marxista.
É preciso compreender também que em situações de crise calamitosa como a que estamos entrando, as pressões para a dissolução da organização revolucionária se acentuam enormemente. Uma pressão da burguesia e dos aparatos para que se abandone a luta pelo programa revolucionário em nome da “emergência que todos vivemos” e outra pressão através de todos os meios para destruir a maior conquista organizativa do proletariado em sua luta contra a burguesia: o método do centralismo democrático.
Nosso funcionamento virtual em tempos de pandemia exige a reafirmação e o reforço da Esquerda Marxista como organização democraticamente centralizada. A pressão para a dissolução da organização revolucionária é permanente na sociedade em decomposição.
Uma nova situação se prepara na classe trabalhadora
Entretanto, é preciso ter claro que a mudança drástica na situação, o choque dos trabalhadores com sua própria situação, as ameaças que sofrem, obrigam os trabalhadores a se interrogar sobre tudo o que se passa de maneira muito mais aguda que o normal. A atuação das direções burocráticas do proletariado terá consequências drásticas diretas e imediatas na vida de milhões de trabalhadores. A efervescência que começa agora de forma atomizada vai se transformar com o tempo em revolta, mobilização e organização. Isto exige da Esquerda Marxista um novo tipo audaz, regular e determinado de trabalho e iniciativas buscando estabelecer laços e contatos com esta franja de trabalhadores que, hoje, se interrogam e querem entender a catástrofe que se desenvolve, mas que amanhã será a vanguarda da classe. Sem deixar de acompanhar todos nossos contatos e nosso trabalho central na juventude, cada organismo, cada militante deve se colocar a questão de como estabelecer contato com trabalhadores de todas as categorias, como discutir com eles e como ajudá-los a compreender o que se passa.
Nossa imprensa continua sendo o andaime em torno do qual construímos a organização
A conversão do nosso órgão de imprensa, o jornal Foice&Martelo, em um jornal eletrônico, bem como do nosso órgão teórico, a revista América Socialista, em uma revista eletrônica são fundamentais neste momento e importantes acertos em relação à modificação da conjuntura. O tempo que isto deve durar será ditado pela situação social e política. A Esquerda Marxista se dá o objetivo de conquistar mais 300 assinaturas do F&M até 30/06/2020 e de realizar 100% dos objetivos de sua Campanha Financeira do primeiro semestre com a revista América Socialista eletrônica e contribuições de contatos e simpatizantes.
Objetivo e resultado, explicação e organização
Lênin disse que a ditadura do proletariado podia ser resumida através da fórmula “Controle + Sovietes”, ou seja, estabelecimento de objetivos claros e de análise realista dos resultados mais democracia operária. Esta é a nossa tarefa mais importante nesta época atual.
O acompanhamento e controle político do trabalho virtual de cada militante junto aos contatos deve ser a preocupação central dos secretários de célula. As células devem ter no centro de suas discussões as táticas para melhor impulsionar os Comitês de Ação “Fora Bolsonaro”, como recrutar os melhores ativistas atraídos por eles e como amplificar nossa audiência. Cada CR, cada célula, cada militante deve ter na mão sua lista de contatos, de simpatizantes e das discussões que deve fazer com cada um.
A perspectiva de um Encontro Nacional de militantes dos comitês “Fora Bolsonaro”
Inevitavelmente, com o tempo, o trabalho dos Comitês de Ação, de denúncia das contradições do capitalismo e do governo em suas frentes de intervenção locais, demandará cada vez mais que se conforme um instrumento político superior, de ligação entre os Comitês de Ação, que se apresente como instrumento viável para o combate contra o governo Bolsonaro. Mas, deve ser um desenvolvimento lógico e natural promovermos em determinado momento um encontro nacional de militantes dos Comitês de Ação, inclusive para lançar iniciativas de abrangência mais ampla. Isso está em nosso horizonte e deve ser objeto de discussão do Comitê Central nos próximos meses, com um objetivo de participantes ativistas do movimento sindical e da juventude que supere amplamente nossa franja de contatos atuais.
Desde já, o Encontro Nacional Online da Juventude por Fora Bolsonaro, impulsionado pela Liberdade e Luta, pode e deve ocupar esse espaço. Devemos combater para que todos os ativistas jovens dos Comitês de Ação “Fora Bolsonaro” se inscrevam e participem do Encontro em 31/05.
Atividades nacionais de formação e de organização
No próximo período, temos como tarefa desenvolver a formação dos militantes e junto com isso atrair contatos para a militância organizada. Para nós, este período de quarentena social deve ser encarado como uma possibilidade de ampliar nosso trabalho de propaganda e agitação, de difusão de nossas ideias e de aproximação de contatos. Uma tarefa central passa a ser o controle semanal dos contatos feitos, das discussões realizadas, das ações decididas. Uma excelente forma de desenvolver este trabalho é começar oferecendo uma assinatura de seis meses do Foice&Martelo eletrônico e pedindo que o contato decida quanto quer pagar por ela.
Mas, a tarefa central e primeira do Comitê Central é educar, impulsionar e organizar os militantes da Esquerda Marxista e os contatos. E isso exige uma atividade regular teórica e política que permita a todos elevar-se ao nível da situação e das tarefas que seremos chamados a cumprir no próximo período. Uma nova situação mundial se abriu e aqueles que pretendem falar em nome da classe trabalhadora, se não se colocarem à altura desta situação inédita e convulsiva, não terão direito a sobreviver como organização. Esta será uma prova gigantesca para todas as organizações do movimento operário. A Esquerda Marxista pretende cumprir com seu destino e combaterá com todas suas forças para estar à altura das necessidades de nossa classe e do futuro da humanidade.
Para isso, é preciso ajudar o conjunto da organização a se desenvolver em meses como se fossem décadas. Assim, o CC decide realizar as seguintes atividades nacionais, e encarrega a CE de organizá-las detalhadamente:
- 16/05/2020: Formação: A Frente Única Operária e a Frente Única Anti-imperialista hoje
- 31/05/2020: Encontro Nacional Online da Juventude Liberdade e Luta por Fora Bolsonaro
- 27/06/2020: Seminário Nacional Online sobre Educação Pública e Gratuita e em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos estudantes
- 11/07/2020: Encontro Nacional Online: Perspectivas mundiais e a luta de classes
- 25/07/2020: Encontro Sindical Online: Como defender os trabalhadores contra o governo e os patrões durante a crise e lutar pela liberdade e independência sindical e de classe
- 08/08/2020: Formação: O Estado e a revolução proletária
- 22/08/2020: Formação: Introdução ao Programa de Transição – Homenagem a Leon Trotsky no 80º aniversário de seu assassinato
- 05/09/2020: Formação: Bases econômicas do marxismo
- 26/09/2020: Formação: O imperialismo e as organizações operário-burguesas no movimento operário
- 17/10/2020: Formação: A necessidade imperiosa da Internacional dos Trabalhadores
Nosso objetivo
Realizando essas tarefas e agindo na luta de classes nas circunstâncias dadas, é que a Esquerda Marxista se construirá no próximo período.
18 de abril de 2020
Comitê Central da Esquerda Marxista
Convidamos você que nos lê a entrar em contato conosco. Venha colaborar com nossa batalha de alguma forma e a participar da Esquerda Marxista. Vamos juntos construir o instrumento para derrotar Bolsonaro e seu governo, colocar abaixo as instituições burguesas apodrecidas e inimigas do povo, derrotar o capitalismo e abrir caminho para a humanidade se emancipar, construir o socialismo internacional.
Nossos contatos:
WhatsApp: (11) 9 9965 5542
E-mail: jornal@marxismo.org.br
Instagram: @esquerdamarxista