Após quatro dias de debates, atividades culturais e formações políticas, os jovens que participaram do Acampamento Revolucionário 2018, em Florianópolis, saíram com a certeza de que uma revolução socialista é possível e necessária. O desafio que surge a partir do evento, ocorrido de 25 a 28 de janeiro, é o de transformar todo esse aprendizado em ações práticas em cada escola e universidade do país.
Unindo a teoria à prática
As discussões ocorridas envolveram tanto assuntos teóricos, como foi o caso da História da Revolução Cubana, quanto temas mais ligados ao dia-a-dia dos jovens que participaram. Entretanto, toda a pauta do acampamento se relacionou de alguma forma com a ação da Liberdade e Luta durante 2018. Essa preocupação está ligada à necessidade de apresentar à juventude uma organização que se proponha a lutar contra os ataques do governo Temer, contra os problemas causados pelo capitalismo no mundo e pelo fim deste sistema.
Na abertura do acampamento, foram apresentados dados sobre o crescimento do abismo entre exploradores e explorados. Hoje os 1% mais ricos da população mundial possuem 85% da riqueza produzida e os mais pobres, que formam 3,7 bilhões de seres humanos, não possuem nada. Mas, ao mesmo tempo, diversos relatos de resistência dos trabalhadores e dos jovens foram apresentados por se tratarem de uma consequência dessa situação de aumento da desigualdade.
Um dos convidados para a abertura foi o pré-candidato à presidência da República pelo PSOL Nildo Ouriques, que falou sobre os desafios da juventude e reforçou que essa “precisa estar em contato com as massas nos sindicatos, nos bairros, nas fábricas e ter um profundo apreço pela teoria. Um revolucionário precisa ser um amante dos livros”.
No debate internacional, a convidada mexicana Fernanda Mosso falou sobre o aumento da repressão por parte do Estado no país, que utiliza o Exército contra a população que reivindica água, alimentação e moradia, sob o pretexto de que está combatendo o narcotráfico. Também falou sobre as consequências dos pacotes de austeridade implementados após a crise mundial iniciada em 2008, como o aumento da violência contra a mulher. Fernanda encerrou sua fala explicando que os trabalhadores mexicanos estão se mobilizando para mudar a situação atual.
A mesa “Como derrubar Temer e o Congresso Nacional” apontou quais são os ataques do atual governo e como devemos nos organizar para barrá-los. Em seguida, apresentaram-se exemplos de como governos foram derrubados pelos trabalhadores ao longo da história, reforçando a importância de uma direção revolucionária para que grandes mobilizações não sejam sequestradas para falsas saídas e amargas derrotas.
Os jovens discutiram política, mas também confraternizaram em festas, no Luau e numa tarde livre para ir à praia. Oficinas foram organizadas e uma noite de cine-debate, com dois filmes exibidos paralelamente, serviram para complementar os temas da pauta. Os relatos completos sobre cada dia do acampamento podem ser lidos no site da Liberdade e Luta.
A juventude precisa aprender com a história
Um dos temas que permeou todo o acampamento foi o ano de 1968, quando jovens e trabalhadores de vários lugares do mundo combateram o capitalismo e, como foi no caso de Praga, enfrentaram também a burocracia stalinista que servia como um enorme freio dos trabalhadores.
A Primavera de Praga, a Revolução Francesa de Maio, as grandes manifestações estudantis no México, a luta pelos Direitos Civis nos EUA e na Irlanda, as manifestações contra a Guerra do Vietnã em todo o mundo e a luta contra a Ditadura Militar brasileira foram alguns exemplos dos grandes embates entre a classe operária e a burguesia que tomaram o Ano das Revoluções.
Uma homenagem foi realizada na abertura e cartazes do maio francês foram produzidos em uma oficina para depois decorar a escola. Mas a juventude presente não se limitou a homenagear esse ano tão importante para a história da humanidade. O principal objetivo foi debater quais eram as principais lições que poderíamos aprender para aplicá-las hoje num mundo que novamente está grávido de revoluções, e podemos resumir em duas: a necessidade de unificar a luta dos estudantes com a luta dos trabalhadores e que uma direção revolucionária é fundamental.
Lutar pela liberdade e pela revolução
O clima de ânimo esteve presente durante todo o acampamento. Uma das discussões mais importantes, o debate sobre “Construir os Sindicatos de Estudantes”, contou com a participação da maioria dos presentes que levaram exemplos de luta, sugestões sobre como deve ser uma entidade estudantil independente, democrática e de luta, e sobre a importância de a juventude aprender com a classe trabalhadora, a única classe genuinamente revolucionária.
A partir dessa discussão uma resolução sobre a construção de sindicatos de estudantes foi elaborada, assim como uma sobre a importância de realizar a aliança operário-estudantil. Essa propõe a realização de panfletagens em fábricas, organizadas pelos núcleos da LL, e a organização de atividades de apoio a trabalhadores em greve, realizando arrecadações financeiras nas escolas e contribuindo com os grevistas. Uma terceira resolução, sobre a conjuntura nacional e mundial, analisou a atualidade e tratou do papel da LL no período em que vivemos.
Quem foi para o Acampamento Revolucionário 2018 saiu com uma enorme disposição de luta para pôr em prática tudo o que debateu e continuar aprendendo a cada dia que passa. Agora é hora de ir para as escolas, para as universidades, construir sindicatos estudantis, de ir para as fábricas conversar com trabalhadores, apoiar suas lutas e suas greves. Vamos continuar na luta contra todos os ataques, contra a Reforma do Ensino Médio e a Lei da Mordaça, por educação pública, gratuita e para todos, pelo Fora Temer e o Congresso Nacional e por um Governo dos Trabalhadores.
Você que quer lutar por um mundo onde não haja mais exploração do homem pelo homem, onde a juventude possa ter acesso à cultura, arte, educação, saúde, transporte, emprego, moradia, junte-se à Liberdade e Luta e venha lutar pela liberdade e pela revolução.